«As recordações da primeira infância são as que nos marcam para a vida toda e eu ainda muito pequeno pude sentir o que era a injustiça», recordou António Guterres, alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, que foi homenageado, no último domingo, no Fundão e nas Donas, aldeia onde passou parte da sua infância.
«Eu vinha de uma família privilegiada, não éramos ricos mas vivíamos bem, e muitos dos meus amigos andavam de pé descalço, não comiam carne todos os dias nem tiveram acesso à educação. Isso marcou-me para o resto da vida, afirmou. O antigo primeiro-ministro foi homenageado pela Câmara do Fundão que atribuiu o seu nome a ruas à entrada do Fundão e das Donas, numa via que dá acesso à A23, construída no seu mandato de chefe do Governo. A quarta placa foi descerrada no espaço museológico com o seu nome, no edifício da Junta de Freguesia daquela aldeia.
Ali estão expostas 75 das peças que foram entregues a António Guterres enquanto primeiro-ministro e que doou à autarquia. Entre elas estão presépios em madrepérola oferecidos por Yasser Arafat, um fato e capacete de piloto da Força Aérea com o nome gravado de António Guterres e uma bandeira portuguesa que lhe foi entregue em Timor-Leste por um dos residentes, após a autonomia. «Estas homenagens têm um significado muito profundo. Trata-se de algo de grande simplicidade e autenticidade. É aqui que estão as minhas raízes e a minha identidade», disse.