Cidadão modelo foi Carlos Modesto que tudo sabia fazer e que a qualquer emprego se fazia. Lutador incansável, tinha a qualidade do camaleão e entranhava-se em cada desafio. Carlos Modesto desaparecia num novo lugar e rapidamente era o melhor e ganhava força crescente substituindo os encarregados. Carlos Modesto, quando se destacava, tinha mérito, tinha percebido a tarefa e incorporava-a na alma e no coração. De uma dedicação enorme acabava visível nos números dos computadores – os números que não enganam –, diziam. Mas esta capacidade estaminal, esta força pluripotencial trouxe-lhe um inimigo em todos os que substituiu, em cada um que destronou. Carlos Modesto foi tudo nesta vida e sobretudo foi sendo constantemente vítima das intrigas e do vilipêndio de quem o invejou.
A única característica que não tinha era de empreender, de fazer por ele. Modesto de nome e feitio, foi sempre empregado de alguém e foi mudando de emprego vezes sem conta. O que é triste em toda esta história é que nunca falhou em nada do que fez, nunca foi candidato a nada, nunca se ofereceu e mesmo assim não singrou.
Por: Diogo Cabrita
