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Praça Luís de Camões sem sinalética

Câmara da Guarda prepara novo modelo de placas toponímicas para a cidade

A Praça Luís de Camões está sem sinalética desde as obras de requalificação de que foi objecto. Até essa altura, o local era identificado por uma placa afixada no Solar dos Póvoas, ao cimo da Rua 31 de Janeiro, e, do outro lado, no edifício que acolheu uma dependência bancária até há pouco tempo. Neste momento, os turistas ou visitantes que chegam à Praça Velha não sabem onde estão.

Alguns comerciantes dizem que, com frequência, são abordados por turistas – sobretudo portugueses – que só com a sua ajuda identificam o local. “Praça Luís de Camões” (o nome oficial) ou “Praça Velha” (nome que vulgarmente se atribui ao local) são designações que os roteiros turísticos indicam, mas que as obras do Polis apagaram. «Aceito que tenham retirado as placas para limpeza dos edifícios, mas é estranho que depois não as tenham reposto», refere Aníbal Estêvão Pinto, lojista. «Estou aqui há 47 anos e a Praça sempre esteve sinalizada», acrescenta. José Ramos, outro comerciante, manifesta também a sua incredulidade perante esta situação: «Não é Praça Velha, nem Nova, nem Luís de Camões, nem nada…», lamenta. António Ramos acrescenta que «os comerciantes há muito que comentam o caso entre si e os funcionários da Câmara têm conhecimento da situação, mas não podem fazer nada». Quem se mostrou surpreendido com a situação foi Virgílio Bento, vereador e presidente da Comissão de Toponímia da Câmara da Guarda. «Estava convencido de que a placa estava lá», disse a O INTERIOR.

O autarca acrescentou ainda que iria reportar «imediatamente» o facto ao PolisGuarda. Quanto à toponímia da Guarda, Virgílio Bento adiantou que está em fase adiantada o estudo de «um novo modelo de placas para uniformizar a sinalização». Os novos elementos toponímicos deverão conter o brasão e o logótipo da cidade, numa intervenção que, segundo o vereador, vai «começar pelo centro histórico». Se identificar a Praça Velha é difícil a um forasteiro, chegar lá também não é tarefa fácil. A sinalética destinada a turistas, na zona envolvente, identifica o centro histórico e a Sé Catedral, mas não refere aquela que é a praça central da cidade. Uma situação que, segundo alguns comerciantes, se alastra a outras ruas, também elas mal sinalizadas. Virgílio Bento adianta que a comissão de toponímia tem recebido cartas de munícipes com sugestões de nomes para algumas artérias da cidade, mas que não foram apresentadas queixas relativas a esta sinalização deficitária. Sem queixas particulares, o autarca diz-se pronto para «analisar situações concretas, quando elas surgirem».

D. Sancho na Rua Miguel de Alarcão

Ao insólito da falta de sinalização no “ex-líbris” turístico da Guarda junta-se a polémica em torno da localização da estátua de D. Sancho I. Desde as obras do PolisGuarda que a estátua foi retirada do local originário, no centro da Praça Luís de Camões. No final da intervenção, o “fundador” da cidade foi colocado num local mais próximo da Sé Catedral, alteração que mereceu algumas críticas. «A estátua de D. Sancho não tem visibilidade e, com nevoeiro, passa completamente despercebida», critica Aníbal Estêvão Pinto. «Sobretudo aos turistas», que não sabem que a estátua se encontra no local, refere. Actualmente, D. Sancho I não está no centro da praça – como acontece por todo o mundo – nem, ao que parece, na própria Praça Luís de Camões. Basta olhar para o início da Rua dos Clérigos, do lado da Praça Velha, para nos apercebermos de que aí começa a Rua Miguel de Alarcão, que sobe até à Escola de Santa Clara.

Tendo em conta estes factos, a vizinhança socorre-se do senso comum e afirma, a pés juntos, que a estátua se encontra na Rua Miguel de Alarcão e não na Praça Velha. Neste particular, Virgílio Bento diz que a deslocação da estátua «obedeceu a um projecto arquitectónico» e que a nova localização vem «conferir maior visibilidade e uma melhor perspectiva da Sé». O vereador acrescenta que «a estátua de D. Sancho é recente» e que «a Praça Velha sofreu várias alterações ao longo dos tempos». Olhando para os anos que se seguiram à última intervenção no centro histórico, sobretudo com a redução do trânsito automóvel naquela zona, José Ramos critica esta opção camarária: «A ideia é boa, mas na prática não funciona», lamenta. Este comerciante preferia os tempos em que, enquanto parque de estacionamento, a Praça Luís de Camões servia de ponto de partida para o comércio tradicional, uma vez que, na sua opinião, não se tem afirmado enquanto «ponto de afluência», objectivo das últimas intervenções.

Igor de Sousa Costa

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