Conheci o Presidente Atílio num almoço no “restaurante do Joaquim”, em Cabanas de Viriato. Disse-me do trabalho desde menino, do esforço desde os 13 anos, da lavoura, do balde de cimento e da primeira oportunidade que lhe transformou a vida. Tem orgulho na obra feita e na auto-estrada do Atílio – a IC12. Foi ele que tudo aquilo foi construindo entre apertos de mão, telefonemas azedos e exigências que chama justas. O Presidente Atílio “ganhava por qualquer cor” – dizem-me. Mas há uma casa única que tudo entristece. Coloca lágrimas nas ruas limpas, faz tristeza aos arranjos das estradas e das praças, e escurece a história que seria a estória de Atílio. Ali, em Cabanas, está a casa de Aristides Sousa Mendes (1885-1954), emérito diplomata português que salvou milhares de judeus do Holocausto. O “Oskar Schindler” português tem direito a uma mansão morta, de janelas fracturadas, de aspecto taciturno. Esperava o Atílio que as pessoas se interessassem pela casa e pela história, mas a ideia que me fica é a de que muitos seguem mamando da estória e ninguém contribui para a história. Isto afirmei eu agora, que tenho a língua bífida de surucucu. Ele é mais discreto a lamentar a tristeza da casa fantasma. Entretanto orgulha-o o novo piso do IC12, que faz parte da primeira experiência do mundo de reestruturar um pavimento usando o alcatrão que lá estava (reciclar), acoplando-o a formas plásticas que fazem melhor aderência. Chama-se reciclagem, “in situ”, que consiste em camadas betuminosas com adição de emulsão e cimento ou Mistura Betuminosa Rugosa com Betume Modificado com Borracha. Isto que tentarei explicar noutro artigo é absolutamente vantajoso e genial para o ambiente. O Atílio é isso mesmo – é para a frente e tem como destino o horizonte. Gostei de o conhecer.
Por: Diogo Cabrita