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IP2 encravado entre Foz Côa e Moncorvo

Pareceres desfavoráveis levaram Estradas de Portugal a retirar processo de avaliação de impacte ambiental de troço com 18 quilómetros

O Governo anunciou, na semana passada, que vai tentar encontrar uma nova solução para que o IP2 possa ligar os distritos da Guarda e Bragança, na zona em que, depois da barragem do Sabor, surgem agora como impeditivas as vinhas, as quintas e a falha sísmica da Vilariça. Isto, após a Estradas de Portugal (EP) ter retirado o processo da avaliação de impacte ambiental.

Este troço faz parte de um traçado que se estende pelos distritos de Bragança e Guarda e que foi anunciado pelo Governo no pacote de estradas prioritárias com conclusão prevista para 2011. Os cerca de 18 quilómetros em causa, entre a Junqueira (Torre de Moncorvo) e o Pocinho (Vila Nova de Foz Côa), foram estudados em Junho de 2007. O traçado já tinha sido desviado devido à barragem do Sabor e depois da EDP ter alertado para a possibilidade de cheias, embora a estrada fique a jusante da hidroeléctrica. Mas o IP2 esbarra agora noutros obstáculos de natureza patrimonial, cultural e geológica, que levaram a que fosse proposta à tutela (o Ministério do Ambiente) uma Decisão de Impacte Ambiental (DIA) desfavorável. Ao retirar todo este processo, a EP evitou o chumbo oficial, mas fica com o projecto cercado por impeditivos de vária ordem.

«A excepcionalidade da zona», levou as diferentes entidades, desde o Ministério da Agricultura a organismos ligados ao turismo e geologia, a pronunciarem-se contra as propostas para a travessia do vale do Sabor e do rio Douro. Estes organismos alegam que a rodovia implicará «a destruição de inúmeras plantações de vinha e olival e de pastagens e culturas tradicionais». Mas também «o fraccionamento de propriedades integrantes de quintas, pondo em causa a continuação da viabilidade económica das mesmas, podendo verificar-se, a curto e médio prazo, uma descaracterização e alteração significativa de toda a paisagem envolvente pelo abandono de algumas áreas agrícolas», acrescentam.

Contactado pela agência Lusa, Emílio Mesquita, presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa, considerou «razoável» a decisão de reavaliar o projecto. «Permitirá pensar melhor o percurso do IP2 nesta zona», referiu, esperando que o processo seja desenvolvido «em tempo útil, para que não se adie a sua construção». O autarca recordou ainda que o seu município apresentou uma alternativa para o traçado entre Pocinho e Junqueira: «Era uma proposta diferente das três avançadas pela Estradas de Portugal, que contemplava a construção de um túnel e a travessia do Douro até junto da Barragem do Pocinho», afirmou.

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