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Renúncia inesperada na AECBP

Dirigentes recentemente eleitos desistiram de tomar posse por causa das dívidas da Associação Empresarial da Covilhã

Surpreendentemente, os órgãos sociais da Associação Empresarial dos Concelhos da Covilhã, Belmonte e Penamacor (AECBP) eleitos a 15 de Fevereiro renunciaram aos cargos na última quinta-feira, na Assembleia-Geral em que deveriam tomar posse. Na base da decisão inesperada estiveram «prejuízos e dívidas» herdados da direcção anterior. O novo acto eleitoral está agendado para 22 de Abril.

Na declaração de renúncia ao cargo, entregue depois das contas terem sido aprovadas por maioria, Jorge Saraiva, que tinha sido eleito na presidência da direcção, explica não ter aceite ser empossado «em virtude de não ter entre os meus pares, a solidariedade institucional que me devia ser prestada e imprescindível ao cabal cumprimento dos objectivos expressos nos propósitos da nossa candidatura», esclareceu. Uma falta de solidariedade que a sua equipa justifica com o facto das contas «não terem sido apresentadas previamente ao arranque do período eleitoral», só agora sendo do conhecimento geral. De resto, «as mesmas demonstram prejuízos superiores a 90 mil euros e dívidas a terceiros que ultrapassam os 175 mil euros, o que desvirtua todo o nosso projecto de candidatura», prossegue. Por isso, a equipa que renunciou ao exercício de funções «não se revê na gestão efectuada pelos órgãos sociais cessantes e menos nos resultados apresentados, não querendo por isso ser responsáveis, quer pelo passado recente, quer pela execução comprometida de um projecto, que com o défice apresentado seria difícil de concretizar».

Algo que indiciaria uma «grave violação do compromisso eleitoral e das promessas de futuro feitas e sufragadas através do nosso programa», reforça Jorge Saraiva. «Como jamais fiz parte de qualquer logro, seja ele de que cariz for, nomeadamente eleitoral, e por questões de imperativos de gestão, funcionamento e consciência, não disponho mais das condições que me levaram a aceitar o convite para encabeçar a lista e a gizar o projecto de Associação que foi sufragado e venceu as eleições», termina o dirigente, no documento entregue ao presidente da Assembleia-Geral da AECBP. A renúncia ao cargo foi bastante criticada pelos anteriores órgãos sociais. Miguel Bernardo, vice-presidente da direcção cessante, não tem a certeza se «este foi um acto de coragem ou de abnegação», pois «mais vale ter noção de que não se é capaz, do que insistir no erro». Na opinião do dirigente, este é um caso de «clara falta de entendimento entre os eleitos», considerando que a AECBP «não merece as mentiras que foram ditas na Assembleia».

Por outro lado, também «não é depois de eleitos que vão colocar tudo em causa». Cáustico, considera que a lista de Jorge Saraiva foi «uma aventura que correu mal», admitindo ter havido «premeditação» de quem renunciou, pois, «após estarmos a discutir o modelo de gestão da associação, avançaram com declarações de renúncia já escritas a computador», estranha. Já para as eleições de 22 de Abril, assegura que não será candidato como «cabeça de lista», mostrando, contudo, alguma abertura para continuar como vice-presidente, até porque diz ser necessário «provar que a associação não está para falir». No entanto, sublinha que «o mais importante é haver candidatos e um debate sério, Não enveredar-se pelo caminho da “loucura”». Confrontado com as acusações de premeditação, Jorge Saraiva assegura que a decisão de renunciar «não foi premeditada, nem poderia ter sido. Agora ninguém parte para uma Assembleia-Geral sem ter um plano “A” e um plano “B”», afirma, assegurando que «está fora de questão» voltar a candidatar-se. Até às eleições de 22 de Abril, a AECBP está a ser gerida por uma comissão administrativa composta por Carlos Delgado, Miguel Bernardo, José Damasceno, Jorge Silva e Júlio Dinis.

Ricardo Cordeiro

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