Deverá ser conhecido a 26 de Março o resultado da peritagem solicitada pelo Tribunal de Seia para confirmar a imputabilidade diminuída de Camilo Coelho pela obsessão que disse ter pelo jogo. O julgamento do ex-gerente da dependência local do Totta & Açores, que já confessou ter burlado 15 clientes em cerca de 6,3 milhões de euros, unicamente para sustentar o vício do jogo, prosseguiu na passada quarta-feira, com a inquirição das últimas testemunhas abonatórias.
Para a próxima sessão estão agendados, além das alegações finais, os depoimentos dos médicos do Instituto de Medicina Legal de Coimbra que avaliaram Camilo Coelho. O colectivo de juízes ouvirá também os clínicos arrolados pelo advogado de defesa para sustentar a tese de que o arguido «é um jogador compulsivo e que, quando joga, não consegue avaliar os actos que pratica», esclareceu Carlos Peixoto. Uma ideia que já tinha perpassado na audiência de 6 de Fevereiro, quando a testemunha André Cunha, amigo do arguido, caracterizou de “obsessivas” as idas de Camilo Coelho aos casinos. «No início era uma brincadeira, mas depois tornou-se uma obsessão, cujo objectivo era ganhar e querer mais», narrou. O ex-gerente do Banco Totta & Açores de Seia está a ser julgado pelos crimes de burla qualificada, falsificação de documentos, abuso de confiança agravada e branqueamento de capitais.
Na primeira sessão, o arguido admitiu que os crimes foram perpetrados para poder suportar «o vício de jogar» em casinos. «Estava de tal forma viciado que jogava quase diariamente», reconheceu, confirmando ainda ter usado «algum dinheiro» dos seus clientes. Acrescentou, no entanto, que teve «sempre a esperança de o recuperar para repor os montantes, só que fui perdendo e não consegui controlar a situação». Acusado de 23 crimes, Camilo mostrou-se arrependido e pediu desculpa aos clientes, que considerou como «amigos». Se for condenado, o somatório das penas ultrapassará o limite de 25 anos de cadeia, o máximo permitido pela lei portuguesa.
Luis Martins