No livro de culinária “Cozinha Tradicional Portuguesa”, da autoria de Maria de Lurdes Modesto, página 206, quarta edição, de Setembro de 1983, Editora Verbo, além de descrever muita coisa deliciosa, salientamos uma fabulosa receita, com o título “Bife à Marrare”.
Terá talvez esta receita mais de cem anos, mas neste momento em que vivemos é de uma generosa e actual informação.
Não vamos aqui descrever a receita, por não ser a página indicada, mas sim relatar os últimos parágrafos escritos pela autora, que passo a citar:
«Este bife, que hoje é vulgarmente designado por “Bife à Café”, foi a especialidade que imortalizou um dos mais célebres cafés de Lisboa, do princípio do século, o “Marrare das Sete Portas”.
Foi seu proprietário um homem de grande requinte nascido na Galiza, de apelido Marrare.
No café Marrare, se reuniam os boémios, os aficcionados e os marialvas da época. O serviço exemplar era feito em recipientes de prata legítima e, para as iguarias poderem ser ali mais bem apreciadas era proibido fumar. Fim da citação.
O proprietário deste café parece que já adivinhava a poluição que hoje respiramos.
Não haja dúvida que nós, Portugueses, somos uns empatas dignos do nosso atraso.
António Nascimento, Guarda