Trabalhar com infiltrações constantes, frio ou humidade já não é novidade para os funcionários do Centro de Saúde de Pinhel. Desde Agosto de 2006 que o serviço foi “alojado” provisoriamente em dois pré-frabricados colocados ao lado do antigo edifício, propriedade da Santa Casa da Misericórdia e que entretanto entrou em obras para acolher, futuramente, um lar de idosos.
Cansados de esperar pela conclusão da construção do novo Centro de Saúde, que se arrasta há quase dois anos, os cerca de 45 funcionários promoveram um abaixo-assinado que enviaram à coordenadora da Sub-Região de Saúde da Guarda e à Administração Regional de Saúde do Centro. No documento são denunciadas as condições «precárias a que têm sido sujeitos funcionários e utentes» no último ano e meio e reivindicadas «diligências urgentes para que o novo edifício seja concluído rapidamente», adianta Rui Teixeira, director da unidade. O médico revela que a mudança para os pré-fabricados deveria ter sido apenas por quatro meses, mas, passados quase dois anos, é nestas instalações “provisórias” que clínicos, enfermeiros e auxiliares continuam a receber diariamente as muitas dezenas de doentes que ali acorrem. Na sala de espera apertam-se mais de três dezenas de cadeiras, enquanto o espaço restante foi cuidadosamente dividido para acolher os vários gabinetes médicos e de enfermagem, reduzidos a «pequeníssimas» divisões.
Mesmo ao lado, ainda nas antigas instalações do Centro de Saúde, funciona o Serviço de Atendimento Permanente (SAP) e a administração. «Um verdadeiro caos», garantem os funcionários. Maria Lucília Ladeiro, auxiliar, não esconde que é «muito complicado trabalhar no edifício, por se encontrar bastante degradado». É que no interior chove «a cântaros» e, como não existe aquecimento central, trabalhadores e utentes socorrem-se de aquecedores. O problema é que o velho quadro eléctrico «não aguenta com tanto e as descargas são “o prato do dia”», acrescenta. Mas há mais. Os gabinetes são «demasiado pequenos», a humidade ressoa nas paredes e corredores e até as maçanetas das portas «já chegaram a ser substituídas por ligaduras, em jeito de improviso». Um cenário que leva o director a dizer que pode ser «perigoso» trabalhar no edifício: «De vez em quando lá cai mais um pedaço de estuque da parede», refere, enquanto uma funcionária desabafa que «isto só vai ser resolvido quando houver aqui um acidente».
Rui Teixeira não subscreveu o abaixo-assinado por «já ter antes denunciado a situação junto das entidades responsáveis». As obras do futuro Centro de Saúde de Pinhel arrancaram em 2006. A empreitada deveria estar concluída em quatro meses, só que a construtora faliu entretanto, pelo que os trabalhos estão parados desde o último Verão, embora só falte concluir a instalação eléctrica, colocar os sanitários e providenciar as saídas de emergência. «O equipamento até já foi adquirido», revela o director, acreditando que as obras podem arrancar novamente «no final deste mês, com um prazo de execução de 60 dias». Admitindo algum «optismismo», Rui Teixeira aponta para Agosto a abertura do novo edifício.
Rosa Ramos