O Movimento Cidadania Covilhã (MCC) promoveu, no último sábado, um passeio guiado e comentado pela zona antiga da Covilhã para identificar o perímetro muralhado da cidade. Michael Mathias, investigador do Centro de Estudos e Protecção do Património da Universidade da Beira Interior (UBI), foi o guia desta visita durante a qual os participantes foram convidados a observar e a discutir, no terreno, os aspectos da conservação e da evolução das muralhas da Covilhã.
O investigador acredita haver, actualmente, «poucas hipóteses» de se investir na recuperação do pano da muralha. A sugestão do docente da UBI passa, antes, «pela conservação dos que ainda existem», além de uma aposta na vigilância, «para assegurar que as novas construções respeitam os vestígios». Quanto ao centro histórico, Michael Mathias aproveitou o passeio para referir que «é necessário intervir e não deixar que o espaço se degrade mais do que já está». Até porque «a tendência, na maioria das cidades, passa pelo abandono dos núcleos urbanos», referiu. Como consequência, «o comércio e os serviços desaparecem e aparecem casos sociais que não são desejáveis», advertiu, acrescentando que «é preciso travar este abandono constante». De resto, e apesar das intervenções levadas a cabo ao longo do tempo, Michael Mathias acredita que a zona intramuralhas da Covilhã tem sido «bastante abandonada, está degradada e a necessitar de intervenções urgentes».
Em Julho do ano passado, o MCC realizou um debate público em que residentes, comerciantes e estudantes foram chamados a identificar os principais problemas da cidade. Na altura, foi elaborado um documento – divulgado em Setembro – que apresentava, segundo Francisco Paiva, «propostas concretas para melhorar o centro histórico» e que foi enviado a várias entidades com responsabilidades na matéria. Porém, as respostas que chegaram até ao momento foram «apenas sumárias», lamentou o responsável. Por isso, o MCC desconhece «até que ponto terão sido consideradas». Ainda assim, Francisco Paiva continua a acreditar que algumas das sugestões apresentadas são válidas, «até porque surgiram de um debate alargado», mas carecem de ser «integradas num plano que as possa coordenar e programar no terreno», refere.