P – Por que decidiu candidatar-se?
R – A minha ligação à Ordem dos Médicos da Guarda não é de agora e cheguei a fazer parte de uma lista, liderada por outro colega, em que fomos candidatos aos corpos distritais. A minha filosofia é que todos os profissionais que pertencem a uma Ordem se devem envolver. Portanto, é como dever cívico que encaro as participações nos actos eleitorais e, quando merecemos a confiança dos nossos colegas, temos de assumir as responsabilidades. Acaba por ser dentro desse espírito que presido a uma necessidade e vontade de chamar um maior número de pessoas para a Ordem. Por vezes, há um certo divórcio entre as instituições e as pessoas e acho que a Ordem – e a melhor forma de criticar – é estarmos presentes e actuantes.
P – Mas considera que os médicos estão a afastar-se da Ordem?
R – Não se estão a afastar, têm estado afastados. Posso dizer que, segundo dados recentes, votaram 11 mil médicos num universo de mais de 30 mil. Muitas vezes os médicos não se revêem na Ordem e encaram-na como uma entidade à qual têm que pertencer obrigatoriamente. Temos que tentar fazer com que as pessoas se revejam cada vez mais nela, podendo discordar, mas é preciso mais que uma posição passiva e motivar os médicos para que sejam participativos e haver debate e maior construção de objectivos.
P – Quais são os maiores problemas com que os médicos do distrito se debatem?
R – As principais queixas dos médicos têm a ver com os problemas que existem em toda a região. É uma região do interior, que está a ficar despovoada, com um grande envelhecimento e tudo isto se repercute na vida dos médicos. Nós não somos diferentes do resto da população e é com tristeza que vemos que, de facto, a região não se consegue tornar apelativa e cativar mais pessoas. É importante para todos nós, independentemente de Ordens e médicos, que o interior comece a manifestar mais dinamismo e uma inversão do envelhecimento e empobrecimento, porque, em termos práticos, nós estamos a empobrecer quando perdemos população. Não havendo população, torna-se mais difícil criar novas tecnologias e apostar em novos projectos. Em relação aos médicos, também estamos a ser vítimas de um certo envelhecimento, uma vez que a idade dos clínicos do distrito tem vindo a aumentar nos últimos anos.
P – Quais as prioridades para este mandato?
R – A grande prioridade é dar vida à Ordem. As anteriores direcções conseguiram arranjar instalações muito agradáveis e cujas potencialidades queremos aproveitar. Propomo-nos ainda motivar os nossos colegas a usufruir delas com o mais variado tipo de iniciativas quer de âmbito científico, cultural, formativo e lazer e com isto motivar as pessoas a aparecer, frequentarem a sede e a participarem. Temos também outros projectos de colaboração com outras Ordens, ou seja queremos abrir as portas. Mas um dos principais objectivos é aproximar os médicos da Ordem e envolvê-los.
P – Nos últimos três meses o distrito perdeu seis médicos espanhóis. Como encara a saída desses médicos?
R – Para mim não há distinção entre os médicos espanhóis e portugueses. Enquanto estão cá estão, são profissionais e pertencem à Ordem. Todos são médicos de pleno direito. Este problema enquadra-se na falta de sensibilidade desta região. Em Espanha estão a surgir novas oportunidades de trabalho depois do mercado médico ter estado muito em baixo. Estão a remunerar melhor os médicos e da mesma forma que nós tivemos capacidade para os atrair e tínhamos melhores condições que em Espanha, neste momento, o fluxo normal é a “fuga”. Mas todos fazem falta.