Os internamentos vão acabar a 20 de Dezembro no actual Centro de Saúde de Gouveia, confirmou, na passada sexta-feira, o presidente do município, Álvaro Amaro (PSD). O alarme soou na véspera, depois da Comissão de Utentes dos Serviços de Saúde do Concelho ter anunciado que, a partir desse dia, não seriam admitidos mais doentes naquele serviço.
Citando alguns utentes, a organização adiantou mesmo a hipótese de que a medida estaria relacionada com a eventual abertura do novo Centro de Saúde em Janeiro. Mas tudo não passou de um rumor e ainda não será desta que o edifício, pronto a usar desde Outubro de 2006, abrirá portas. Isso mesmo apurou o autarca junto da coordenadora da Sub-Região de Saúde da Guarda, que confirmou, porém, que aquela valência, actualmente com 12 camas, tem os dias contados. «Haverá internamentos por dois a três dias e só até dia 20. E depois?», interrogou Álvaro Amaro, em conferência de imprensa. E tal como a Comissão de Utentes, o edil também receia que o concelho fique sem internamentos no futuro. «O município de Gouveia não concorda, nem aceitará, o encerramento precipitado deste serviço. Apelo, por isso, a todos os responsáveis que não cometam mais esta injustiça», afirmou, prometendo não ficar de braços cruzados «e ver perder o que tanto nos custou a conseguir».
É que, no arranque da construção do novo Centro de Saúde, em Setembro de 2004, a tutela tinha protocolado 20 camas para cuidados continuados com a Associação de Beneficência Popular de Gouveia (ABPG), a disponibilizar no actual edifício, de que é proprietária, depois de reabilitado. «Como o Centro de Saúde novo tem 10 camas para internamento de agudos em observação, ficava Gouveia bem melhor», recordou, lembrando que «destas certezas e acordos, nunca ninguém da Administração da Saúde colocou em causa, modificou ou pretendeu renegociar». Mas Álvaro Amaro desconfia que tudo isso esteja agora ameaçado pela «precipitada» reformulação da rede de Urgências iniciada pelo Ministério da Saúde, segundo a qual o Serviço de Atendimento Permanente (SAP) local vai fechar durante a noite. Um medida de que a Câmara discorda, reclamando, pelo contrário, a criação de um Serviço Básico de Urgência «que garanta a assistência pronta aos seus cidadãos». Na semana passada, uma centena de pessoas manifestou-se pela abertura do novo Centro de Saúde, com a manutenção do SAP e do internamento.
Ministro anuncia abertura até ao final do ano
O ministro da Saúde afirmou, na terça-feira, que o Centro de Saúde de Gouveia ainda não abriu por problemas na construção e que até ao final do ano estará pronto a ser usado pelos utentes.
Correia de Campos reagiu assim, em Lisboa, à «indignação» do presidente da Câmara de Gouveia pelo facto do novo equipamento continuar encerrado, apesar de «completamente pronto». O ministro reconheceu que Álvaro Amaro, «tem razão em parte», mas lembrou, no entanto, que há uma justificação: «Há problemas de construção que deram origem a infiltrações e, por isso, foi preciso isolar algumas zonas do edifício», explicou aos jornalistas, à margem da cerimónia de apresentação da Plataforma da Obesidade. «Quando os serviços entenderem que a obra está terminada será inaugurado», acrescentou. Relativamente ao internamento, Correia de Campos adiantou que o Centro de Saúde foi concebido com internamento, «numa altura em que já não se construíam com este tipo de serviços. Mas, uma vez que existe vamos usá-lo».
Luis Martins