A polivalência profissional ao longo da vida e o afastar do receio de mudança assumem uma importância crescente para a empregabilidade nos dias de hoje. Este é um dos aspectos focados no estudo “Um modelo de avaliação do impacto da formação”, promovido pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade da Beira Interior e pela ADIBB – Associação de Desenvolvimento Integrado da Beira Baixa. O documento, apresentado na Guarda na última quinta-feira, avaliou o impacto que a formação assume na concretização da empregabilidade de desempregados nos distritos da Guarda e Castelo Branco.
Entre Outubro de 2005 e Abril deste ano, foram analisados 174 casos de formandos com idades compreendidas entre os 18 e os 60 anos, na sua grande maioria do sexo feminino. Os entrevistados foram pessoas com diferentes níveis de habilitações literárias, algumas sem a quarta classe, «quase não sabendo ler nem escrever», e outras «mais jovens» que já adquiriram essas competências básicas e que «aspiram escolarizar-se e qualificar-se a outro ritmo». Amélia Bernardo, coordenadora do estudo, considera que os trabalhadores não devem recear as mudanças. «Devem preparar-se para a própria mudança, pois é preciso ter polivalência e sermos capazes de fazer várias coisas», realça, sustentando que a polivalência «ganha-se com formação e qualificação». «Há necessidade das pessoas se qualificarem. Qualquer país para progredir tem que apostar na formação e qualificação dos seus trabalhadores», acrescenta a professora, que lamenta que Portugal faça parte dos países da União Europeia que «menos formação faz, apesar de ser dos que também tem menos escolaridade».
Por outro lado, constata que o desemprego tende a ser mais elevado e a crescer «tanto mais rapidamente quanto mais baixos são os níveis de formação», sublinhando a tendência das pessoas passarem menos tempo no desemprego quanto maior é a sua formação. No estudo, publicado em livro, é realçado que «a sociedade em geral, e as organizações em particular, também são clientes interessados da formação profissional, porque da sua eficácia, ou não, resultam benefícios ou prejuízos colectivos». Mas não só. A formação é «capaz de alcançar e multiplicar o investimento nela feito, desde que bem direccionada, “leccionada/apreendida” e avaliada». De resto, os autores do estudo sustentam que a formação «é um precioso instrumento de inserção no mercado de trabalho, mas não o único», pois é também necessário haver oferta de emprego.
Ricardo Cordeiro