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A Caixa

A mulher entra timidamente no consultório do Centro de Saúde. A idade já lhe pesa, os setenta passaram há dois anos e uma carga de trabalhos e de filhos fazem-na andar curvada.

Mas ela não pode parar. Tem de levar ávante a sua cruz: um homem que a sacrifica e um dos filhos, apalermado, que a sobrecarrega.

Lá vai mais uma vez pedir a medicação: para o rapaz o necessário e para o pai os comprimidos para o coração.

– Sr. Dr., o meu homem não anda bem. É o coração, que se abafa…

Responde o Dr.: Trouxe a caixa?

– Oh! Sr. Dr. não a tenho! Perdi-a ou o meu filho lhe pegou e a avantou…

– Então, sem a caixa, como lhe passo a receita? Veja se a encontra e volte cá.

E ela lá sai, cabisbaixa, pensando e repensando onde diabo se terá metido a caixa que tanta falta faz ao Sr. Dr.. Tem de a procurar!!!

Ele há coisas!!!

Zelinda Rente, Freches, Trancoso

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