A fábrica de Lacticínios Progresso do Mileu, a laborar na Guarda há mais de 50 anos, já viveu melhores dias, pelo menos a avaliar pelas palavras do presidente do Sindicato dos Profissionais dos Lacticínios. Segundo Luís Portela, a empresa, que empregará actualmente 17 funcionários, «não tem condições económicas» para continuar em funcionamento.
O dirigente sindical acusa a actual administração de ser «tão incompetente que não consegue levar por diante aquilo que os fundadores fizeram», acusando os responsáveis de hoje de estarem a «acabar de destruir tudo o que lhes deixaram». E que, nessas condições, «não há hipótese de subsistência para a empresa», receia. Prosseguindo no rol de acusações, Luís Portela garante que há «má administração» e que «falta qualidade e de motivação nos trabalhadores» que, de acordo com o sindicalista, serão alvo de perseguição. «Não há qualquer regulamentação dos próprios horários de trabalho. Tenho denunciado essas situações às Inspecção de Trabalho, mas quando lá chegam são logo manipuladas, sendo-lhe escondido tudo o que tenho denunciado», reforça. O presidente do SPL afirma ainda que, «há pouco mais de um mês», a empresa já negociou a rescisão contratual com seis trabalhadores, uma situação ocorrida também no ano passado.
Agora, face a este cenário de incerteza, o sindicato exige que a administração aceite rescindir os contratos com os restantes trabalhadores e pague as respectivas indemnizações «enquanto a empresa tem património». Luís Portela fala em casos de empregadas «com 30 anos de casa que têm direito a uma certa indemnização», adverte, denunciando que «neste momento, a empresa não tem sequer quem lhe forneça leite para continuar a produção» dos queijos, que chegaram a ser dos «melhores do país». Por outro lado, apesar de não dispor de muitos pormenores sobre o assunto, o sindicalista revela que a empresa está a tentar arranjar apoio financeiro para assegurar a continuidade da fábrica, o que se se vier a concretizar será, na sua opinião, «o mesmo que dizer que se vai estoirar dinheiro aos contribuintes», avisa. Entretanto, o dirigente diz-se satisfeito por a denúncia da existência de câmaras de vídeovigilância no interior da fábrica ter dado frutos, pois o equipamento já foi retirado. «Era uma situação ilegal e escandalosa», critica. Apesar das várias tentativas, “O Interior” não conseguiu obter uma reacção da actual administração dos Lacticínios Progresso do Mileu às acusações do sindicato.
Ricardo Cordeiro