O actual debate interno do PSD, a propósito das eleições directas para a liderança do Partido, não dá espaço a dúvidas nem a distanciamentos. Todos os militantes têm o dever de fazer as suas opções, não se deixarem envolver nas meias tintas, não se colocarem na cómoda posição de pensar que outros decidirão por si.
É tempo de clarificação com sentido de responsabilidade e visando 2009 como o momento de derrotar o Eng. Sócrates.
Cada vez menos, é certo, mas ainda se ouve, alguns de entre nós, afirmar que tal não é possível, principalmente porque o Dr. Marques Mendes não tem conseguido ser firme como líder da oposição, ou não tem apresentado políticas alternativas.
A verdade é porém bem diferente e resulta dos factos e da sua prova.
Vejamos apenas dois exemplos bem concretos e particularmente relevantes.
Marques Mendes interpretou com perspicácia e firmeza o adequado interesse público na questão do aeroporto da Ota, resistindo a cedências, confrontando sistematicamente o Governo, interpelando a opinião pública, tirando do quase esquecimento uma opção política fundamental para o futuro do País.
Negar ou esquecer essa contribuição do líder da oposição é uma injustiça política flagrante.
Nela esteve reflectida a noção rigorosa das prioridades políticas do País, da necessidade de contenção da despesa pública, da ideia de solidariedade nacional.
Foi Marques Mendes e a sua firmeza que trouxeram o tema do novo aeroporto de Lisboa de novo para a discussão pública.
É certo que foram importantes os contributos que se seguiram, mas em nada se pode deixar de reconhecer a coragem de ter apontado como mais um ponto negro da acção do Governo a teimosia que então reinava em relação à Ota.
Mesmo depois de um Ministro se ter empolgado a desancar na margem sul, eis que agora tudo parece normal com outra opção.
Fazer recuar um Governo e uma maioria, arrogantes nas atitudes e querendo impor decisões desastrosas para o País, não será grande prova de coragem e firmeza?
A questão política do novo aeroporto de Lisboa pode mesmo constituir o paradigma de uma verdadeira cultura de oposição, que assenta em bases sólidas de discussão e firmeza na convicção.
É por isso que é igualmente justo reconhecer o seu grande sentido de responsabilidade na proposta de redução da carga fiscal sobre as pessoas e as empresas.
O Governo e os seus apoiantes ficaram incomodados com a persistência da proposta. É bom lembrar que em várias situações ao longo destes dois anos de oposição liderada por Marques Mendes, quando surgem propostas alternativas, os porta-vozes governamentais apressam-se a negar ou a menorizar a sua importância.
Mas quando o PSD e o seu líder falaram da necessidade económica, sustentada na possibilidade financeira, de uma descida da taxa do IVA e da taxa do IRC, os mesmos porta-vozes calaram-se por uns dias. Tardaram na resposta.
E porquê? Justamente, porque os incomodou no momento e na forma como foi apresentada uma das soluções para estimular o investimento e assim se combater o desemprego.
Rigorosa na sua formulação, inatacável no seu alcance, clara nos pressupostos, a proposta de redução da carga fiscal para reactivação da economia portuguesa não deixou outra margem à maioria e ao Governo, senão dar de si uma imagem de oportunismo.
Sacrifiquem-se mais um pouco, para que nos salvemos amanhã. Uma mensagem que a seriedade política destrói com facilidade.
A clareza de percepção da nossa realidade social, a firmeza das opções e o sentido de responsabilidade só podem ser de aplaudir e ficarão a crédito dos seus autores.
É este o caminho que o PSD, liderado por Marques Mendes, irá seguramente continuar a percorrer para derrotar o PS e o Eng. Sócrates em 2009.
Os impulsos desarticulados de propostas e promessas do Governo nada resolvem, não geram esperança, não animam a sociedade nem os agentes de desenvolvimento.
Tem sido importante assumir a divergência com coragem e determinação.
Continuará a ser determinante a denúncia do controlo do aparelho de Estado, bem como as injustiças e discriminações que os cidadãos em concreto vão sentindo no dia a dia, o despudor da criação de uma imagem artificial de um País que só existe no delírio criativo de alguns vendedores de ilusões.
Acabou-se esse tempo.
E a verdade é que o Presidente do PSD, causticado por muita demagogia e algum populismo, tem olhado para o País como centro das suas preocupações.
Porque o País e as pessoas é que verdadeiramente interessam.
Por: Álvaro Amaro, Mandatário Distrital da Candidatura de Luís Marques Mendes, PSD