Pouco a pouco, o Instituto Politécnico da Guarda vai recuperando alunos. Ainda não é a bonança, mas este ano a primeira fase de acesso ao ensino superior, cujos resultados foram conhecidos no último fim-de-semana, saldou-se em mais 70 ingressos que em 2006. Dos 799 lugares disponíveis, 563 foram já ocupados, o que é assinalável dado que o número de vagas e de cursos manteve-se. Mas a boa notícia desta fase é que a Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) inverteu a tendência negativa dos últimos anos e já ocupou mais de metade das suas vagas.
«É um resultado muito bom. Desde 2003 que não tinha um saldo tão positivo, apresentando uma taxa de ocupação de cerca de 64 por cento», sublinha Jorge Mendes, justificando que «algumas apostas demoram o seu tempo a dar resultados». Será o caso dos cursos de Design de Equipamento e de Gestão de Recursos Humanos, que desta vez ocuparam a totalidade das vagas quando, em 2006, ficaram aquém das expectativas. Este ano também Gestão fez o pleno na primeira fase, enquanto Engenharia Informática teve um desempenho «bastante fraco», reconhece, com apenas sete ingressos. No cômputo geral (ver quadro), os cursos da ESTG, a unidade orgânica com mais vagas no Politécnico, atraíram 217 novos alunos, tendo sobrado 123 lugares para a segunda fase. Com lotação esgotada ficou já a Escola Superior de Saúde, cujos cursos voltaram a ser os mais procurados do IPG. Enfermagem, com 40 alunos para entrarem agora e mais 45 no segundo semestre, continua a ser um êxito, enquanto Farmácia voltou a preencher as 25 vagas disponíveis. Como já é habitual, estes foram também os cursos com a média de entrada mais alta na Guarda: 15,1 valores em Enfermagem, 14,8 em Farmácia e 14,08 em Enfermagem (segundo semestre).
Em Seia, na Escola Superior de Turismo e Telecomunicações (ESTT) há um problema chamado Informática para o Turismo para resolver, pois apenas quatro alunos concorreram: «É um curso para encerrar no próximo ano, pois também não há grandes expectativas para a segunda fase de candidaturas», refere o presidente do IPG, calculando que a procura da ESTT aumentou cerca de 20 por cento comparativamente a 2006, com 66 novos estudantes em 104 vagas atribuídas. Menos consensual é a leitura da performance da Escola Superior de Educação da Guarda (ESEG). Jorge Mendes fala numa quebra de oito por cento em relação a 2006, quando registou uma taxa de ocupação de 77,5 por cento, mas admite que «poderá encher na segunda fase», enquanto a direcção da escola garante que a «realidade dos números» é diferente. Ou seja, «com 170 alunos colocados, a ESEG registou 69,4 por cento de ocupação e prevê preencher a totalidade das 75 vagas disponíveis na segunda fase e com o concurso de Maiores de 23 anos», sustenta num comunicado. Nesta escola apenas Desporto preencheu a totalidade das vagas (40), já Animação Sociocultural e Comunicação e Relações Económicas ficaram longe do esperado. O primeiro curso teve apenas 22 colocados para 65 vagas e o segundo atraiu oito alunos para 20 lugares.
Em termos de médias, longe vão também os tempos em que se ingressava no IPG com notas negativas. Este ano a média mais baixa verificou-se em Marketing (ESTG), onde o último colocado entrou com 10,2 valores. Além da área de Saúde, as médias mais altas registaram-se em Desporto (13,1 valores) e Informática para o Turismo (12,9). Para Jorge Mendes, o desempenho do IPG nesta primeira fase foi «muito positivo, pois entraram mais alunos que no ano passado com os mesmos cursos e as mesmas vagas». De resto, o presidente acredita que a segunda vai confirmar «o bom momento da instituição», que no próximo ano conta ver aprovados pela tutela novos cursos na área da Saúde, Protecção Civil e Nutrição e Qualidade Alimentar.
Propina aumenta para 700 euros
No próximo ano o IPG vai receber menos 30 mil euros do Orçamento de Estado (OE), ficando-se pelos 11,1 milhões de euros. No entanto, segundo o “Jornal de Negócios”, em 2007 a instituição pagou 11,2 milhões de euros só em salários a funcionários e docentes.
«A situação é complicada, mas não aflitiva», tranquiliza Jorge Mendes, para quem «menos 30 mil euros podem não parecer nada num “bolo” 11 milhões, mas não nos podemos esquecer que, por exemplo, os custos com aquecimento e electricidade aumentaram». Para contrariar esta perda de recursos, o Instituto tem recorrido às receitas próprias e já deliberou aumentar em 100 euros o valor das propinas a cobrar este ano lectivo, passando para 700 euros. «Apenas o presidente da Associação Académica votou contra. No entanto, continua a ser a mais baixa dos politécnicos portugueses», destaca. «Terá que haver uma gestão cuidadosa, mas mesmo assim o saldo das receitas próprias do IPG vai ficar a zero no final do ano, pelo que terá que haver um reforço de cerca de 100 mil euros para fazer face aos compromissos da instituição com a Segurança Social. A tutela já sabe disso, esperemos que desbloqueie essa verba rapidamente, caso contrário teremos um problema grave», avisa.
E para Jorge Mendes uma das soluções não será dispensar professores: «Em termos de docentes, o IPG ainda está abaixo do número a que temos direito. O problema é que não temos dinheiro para os contratar», afirma, falando apenas na necessidade de «ajustamentos» nalgumas escolas.
Luis Martins