Venho, deste modo, expressar a minha tristeza ao verificar o abandono a que a aldeia Paiviegas (que se situa a 15 minutos da Guarda) está votado pela Junta de Freguesia e pela Câmara da Guarda.
Regresso todos os anos a esta aldeia no período de férias, pois encontro-me em França há muitos anos. Contudo, tenho aqui as minhas lembranças de infância, lugar onde os meu pais viveram.
É triste verificar que em pleno século XXI a aldeia Paiviegas se encontra como no século XIX: sem água canalizada, nem saneamento. Somos um dos lugares na freguesia com mais água no subsolo e ninguém quer explorar. Há anos que esta povoação continua no esquecimento das mais altas entidades competentes apesar dos esforços encetados por todas as 20 famílias que aqui vivem.
Agora, a única estrada de acesso à aldeia encontra-se completamente deteriorada, pondo em risco o “ganha-pão” de algumas famílias, pois a recolha de leite pelo camião cisterna cada vez se torna mais difícil, assim como também é difícil a vinda do carro do lixo, o da mercearia e o do pão.
Está em perigo também a saúde e o socorro destes cidadãos de Portugal, que, como todos os outros, pagam impostos e podem, em caso de incêndio das suas casas, não ter um camião de bombeiros para os socorrer ou em caso de doença, não ter uma ambulância para os vir buscar.
Por favor, venham ver estes caminhos que, cheios de pedras e buracos, impedem o livre acesso a esta aldeia. “Não há dinheiro. Não há dinheiro, não há dinheiro!” Mas para as outras localidades há, vai havendo!
As pessoas de Paiviegas serão de segunda? Como pertencem a uma anexa são para esquecer ou pôr de parte?
Alerto ainda para o facto, que facilmente se consta, de que a população deste lugar está em vias de crescimento e que só não é maior, e até retraído, devido à falta de condições mínimas, como são a reconstrução de casas de emigrantes e outros casais que para cá queriam vir viver, mesmo comprando casa velha em Paiviegas.
Teria uma grande alegria ao verificar que os políticos se lembram destas famílias, não só na altura das eleições, mas também quando verificam que esta povoação precisa da sua ajuda e de coisas sem luxo, mas de grande necessidade para a sua sobrevivência de maneira decente. (…)
É a nossa última maneira de tornar público o conhecimento do estado de esquecimento em que vivemos. (…)
*Título da responsabilidade da redacção
Maria de Lurdes Pereira Albuquerque, Paiviegas