Na prática, o antigo chefe daquele agrupamento foi demitido por quatro anos, e o tesoureiro por um ano, tendo ainda sido instaurado um processo disciplinar a ambos pela Junta Central. Estes elementos são acusados de irregularidades que envolvem um montante de cerca de 250 mil euros. Um valor pago por serviços prestados pelo agrupamento, comprovado por cópias dos cheques, mas que não consta do relatório de contas, como exigido pelos estatutos. Uma situação que «pode pôr em causa o bom-nome do CNE e que lesa o movimento em valores avultados», admite o responsável regional, que equaciona a hipótese de, «em tempo oportuno», levar o caso a tribunal. Mas esta é uma excepção muito rara no escutismo. Quanto ao dinamismo do Sul da Diocese, ele derivará também do facto de muitos agrupamentos terem fechado a Norte. «Aconteceu recentemente com Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel, Escarigo, Loriga, Seia e Celorico da Beira, por exemplo», enumera o padre José Manuel. No entanto, os responsáveis pedem mais vontade e empenho dos párocos, peças fundamentais para a criação de novos agrupamentos.
Falar em dificuldades do escutismo é também falar na falta de recursos humanos. O número de jovens escutas diocesanos tem estabilizado, mas os actuais chefes pedem mais dirigentes. A falta de disponibilidade é uma das causas apontadas para a ausência de escuteiros adultos que garantam a continuidade dos agrupamentos. O caso de Belmonte dá razão àquilo em que António Bento já acreditava: «Se não tivermos dirigentes com qualidade não vale a pena termos agrupamentos», refere. Um problema a que acresce a baixa natalidade e a migração para as cidades. O encerramento de grupos, como o de Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo ou Sabugal, tem alarmado os dirigentes, que querem reanimá-los. Mas nos planos está também a criação de mais agrupamentos, nomeadamente na freguesia da Conceição (Covilhã) ou em S. Miguel (Guarda).
Igor de Sousa Costa