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Erros nos exames nacionais*

Ano após ano continua a verificar-se a existência de erros nos exames nacionais, que lamentavelmente só são detectados após a realização dos mesmos pelos alunos. Não é compreensível que durante o período em que são elaborados (…) e supostamente verificados e realizados por vários professores, estes continuem a apresentar erros. Erros esses que são detectados logo após a realização das provas, sendo a solução encontrada atribuir um factor de majoração que prejudica os alunos com nota mais baixa, quando deveria ser atribuída a cotação total do item a todos os alunos, evitando desta forma que os alunos paguem pelos erros dos professores que elaboraram as referidas provas.

Relativamente ao exame nacional de Biologia e Geologia (702), este apresenta conteúdos desajustados relativamente à profundidade com que são abordados durante aulas. Segundo as OGP (Orientações de Gestão do Programa), os professores são aconselhados a fazer uma abordagem superficial dos conteúdos devido à extensão dos programas. É preciso não esquecer que são mais de 800 páginas (segundo os livros da Porto Editora) a serem sufragadas por este exame. Das duas uma, ou os professores passam a aprofundar mais os conteúdos, não conseguindo cumprir a extensão dos programas, ou vamos continuar a assistir a esta verdadeira carnificina em que se estão a transformar os exames nacionais, levando a elevadíssimos graus de frustração, em primeiro lugar dos alunos, a seguir dos professores e também dos encarregados de educação que vêem ser negada a possibilidade aos seus educandos de obterem notas relativamente decentes nos exames, quando isso já aconteceu na frequência.

E isto deve-se a vários factores: o primeiro de todos é que alguns critérios de classificação das questões abertas apenas existem nas mentes brilhantes que as conceberam. Não se compreende que algumas questões abertas tenham taxas de acerto mínimas. Serão a maioria dos alunos umas alimárias que não conseguem compreender o que lhes é pedido? Ou será que as questões e respectivos critérios são propositadamente concebidos para esmagar o ego dessa maioria que assim passarão a sentir-se completamente burros? Será que é isto uma maquiavélica manobra no sentido de desacreditar e inferiorizar ainda mais esta desgraçada classe docente (se os alunos não conseguem a culpa é dos professores, pensará o povo, uma vez que é para o povo, sempre manobrável pelos media, que esta gente trabalha)?

Do ano passado para este, após vários protestos de associações de pais, professores e outros intervenientes, ao invés de melhorarem, os exames pioraram na forma. Ao desaparecerem das questões abertas os conceitos a serem utilizados adequadamente no contexto de resposta (veja-se, por exemplo, a questão 6 do grupo IV do exame de Biologia e Geologia da 1ªfase do ano passado), agravou-se significativamente a injustiça para com os alunos, uma vez que anteriormente a inclusão dos conceitos, de alguma forma os guiava no sentido de responderem de encontro aos tópicos exigidos. Nos exames deste ano estes tópicos de resposta desapareceram levando a grandes injustiças, uma vez que é por puro acaso que o aluno pensa da mesma forma rebuscada e retorcida que os autores do exercício. Se tivermos em conta que, em média, as cinco questões abertas valem sete valores, têm um peso desmesurado em relação às questões de escolha múltipla que têm também um grau de exigência elevado.

Resumindo, na forma, o exame está bem pensado, no entanto, é gravoso para o aluno quando exige matéria que ele não aprofundou porque não lhe era exigido pelas OGP, logo, pelos professores. É gravoso quando nas questões de resposta aberta não existe uma luz para que o aluno possa orientar o seu raciocínio (…). Por tudo isto pede-se aos responsáveis que revejam a sua posição no superior interesse dos alunos e pais, contribuintes desta nação.

* título da responsabilidade da redacção

Rosa Maria Soares Matias, mãe de uma aluna do 11º ano no agrup/curso de Ciências e Tecnologias na Secundária c/ 3º Ciclo Gonçalo Anes Bandarra, em Trancoso

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