O Hospital Sousa Martins, da Guarda, não irá realizar interrupções voluntárias da gravidez. Dos 10 médicos do serviço de Obstetrícia e Ginecologia, oito alegaram questões de consciência face à nova lei, que está em vigor desde domingo.
O director clínico, Luís Ferreira, considerou não haver condições para viabilizar o novo serviço com apenas dois médicos, explicando que «ao assumir o compromisso, teria que garantir o seu pleno funcionamento».Uma situação que não acontece nos hospitais de Castelo Branco e da Covilhã, que já garantiram o funcionamento deste serviço.Em alternativa, as mulheres grávidas até às 10 semanas, dos 14 concelhos do distrito da Guarda, que pretendem abortar, deverão deslocar-se até ao Hospital São Teotónio, em Viseu. Contudo, «poderão dirigir-se ao hospital da Guarda e aos respectivos centros de saúde, onde será fornecido um contacto para proceder à marcação da consulta prévia», adiantou o médico.
Os dois hospitais assinaram, há cerca de 10 dias, um protocolo para garantir o atendimento das utentes e o devido acompanhamento dos processos de interrupção voluntária da gravidez.
No início do processo da regulamentação da lei do aborto, Luís Ferreira diz ter requerido aos respectivos médicos da especialidade uma declaração por escrito, de forma a esclarecerem os seus motivos, mediante as alíneas do decreto-lei. E garante ter sido surpreendido pelo número «elevado» de objectores no Sousa Martins, porém, «não se trata de uma situação definitiva, dado que esperamos que venham novos médicos».