Jerónimo de Sousa quer que o Governo socialista reduza a taxa do IVA e o preço do gasóleo agrícola, sob pena de se acentuarem ainda mais as diferenças em relação aos espanhóis. O salão dos Bombeiros de Manteigas foi pequeno para acolher, no último sábado, os cerca de 200 militantes que marcaram presença num encontro promovido pelas Organizações Regionais da Guarda e Castelo Branco do PCP, subordinado ao tema “Um novo rumo para a Serra da Estrela”.
O secretário-geral do Partido Comunista lamenta que o Governo se prepare para «liquidar definitivamente» a electricidade verde, enquanto mantém o gasóleo agrícola em «valores elevados e incomparavelmente mais caros» que os concorrentes espanhóis, que são ainda favorecidos «com o diferencial de cinco pontos a seu favor no IVA, acentuando as dificuldades competitivas da agricultura portuguesa». Por isso, o líder comunista garante que o partido vai continuar a bater-se para que sejam repostas as ajudas à electricidade verde, mas também pelas reduções do IVA e do preço do gasóleo agrícola. Outro problema são os «atrasos e dívidas aos agricultores e associações agrícolas», frisou Jerónimo de Sousa, apontando prioridades a implementar no sector agro-florestal e na defesa e a modernização dos matadouros públicos e da rede pública de sanidade animal. Uma «justa exigência» para uma região em que a criação de gado de pequeno porte tem um «peso significativo». E garantiu ainda que, «numa região que vive, no plano industrial, fundamentalmente dos sectores têxtil, laneiro e de confecção», uma política de defesa e revitalização destes sectores continua a ser uma «imperiosa necessidade, tanto mais que os processos de inovação são ainda muito limitados, quer ao nível dos produtos, quer das tecnologias e métodos».
A regionalização foi outro assunto em destaque, com o secretário-geral do PCP a considerá-la uma medida «indispensável para promover o desenvolvimento regional e atacar com mais eficácia os problemas que as diversas regiões do país enfrentam». Num discurso interrompido várias vezes pelos aplausos, Jerónimo de Sousa sustentou que o país «não pode continuar a manter o actual modelo de gestão regional, completamente governamentalizado e desarticulado, longe das populações, quando está em causa a defesa do interesse público face aos valores e recursos naturais, ambientais e económicos, como os desta vasta área da Serra». Já o desemprego, que no primeiro trimestre de 2007 atingiu «o valor mais elevado das últimas décadas», também não passou incólume ao responsável máximo do PCP. «Mais de 1,2 milhões de trabalhadores têm vínculos precários, situação que atinge mais de meio milhão de jovens. Com este Governo do PS foi sempre a crescer a precaridade dos vínculos laborais que põem em causa a independência dos jovens e afecta fortemente a organização de vida própria e a constituição de família», alertou.
PCP quer Autoridade para a Serra da Estrela
No encontro do passado sábado foi aprovado, por unanimidade, o projecto de resolução”Um novo rumo para a Serra da Estrela” que pede mais atenção ao Governo para os 11 concelhos da corda serrana, onde residem mais de 222 mil pessoas. Neste sentido, o PCP defende que seja constituída uma Autoridade para a Serra da Estrela que «assuma as responsabilidades mais essenciais da região», a defesa e revitalização do aparelho produtivo e dos postos de trabalho, bem como a dinamização dos sectores do comércio e serviços. Os comunistas querem também que seja dada prioridade à «atracção de investimento público e privado para a diversificação das actividades económicas e a instalação de novas empresas», sustentam.
Ricardo Cordeiro