A Câmara da Guarda desistiu do projecto intermunicipal da “Estrada Verde” e quer agora “abrir”, sozinha, um acesso directo à Serra da Estrela. Para tal, reclama a conclusão da EN 338, entre a cidade e o maciço central, incluída no Plano Rodoviário Nacional (PRN) de 1950. O principal argumento de Joaquim Valente é que essa via já existe: «Ela começa na Guarda e vai até aos Trinta, depois é interrompida no maciço central para voltar a aparecer na zona de Manteigas, sendo restabelecida entre a Lagoa Comprida e Loriga. Portanto, só falta que a administração central a conclua», considera.
Esta solução já foi transmitida ao Ministério das Obras Públicas e resulta da constatação de que a ambicionada “Estrada Verde” «não é exequível», acrescentou o autarca. Na última reunião de Câmara, realizada na semana passada, Joaquim Valente admitiu que o projecto «nunca se fará por iniciativa intermunicipal», pois «não há um verdadeiro entendimento em relação ao traçado». Inicialmente, a sua construção envolvia as autarquias de Celorico da Beira, Gouveia, Manteigas e Seia, com apoios da Acção Integrada de Base Territorial da Serra da Estrela e da Comissão de Coordenação. Mas a proposta de traçado, elaborada pelo antigo Gabinete de Apoio Técnico (GAT), em função das indicações dos municípios, «não cumpria o objectivo pretendido, que era uma ligação da Guarda à Serra», sustentou. «A estrada teria vários ramais e passaria por todos os concelhos envolvidos, por isso, em vez dos 30 quilómetros iniciais, já íamos em cerca de 70. O que é perfeitamente incomportável em termos financeiros e de obra», lamentou Joaquim Valente.
870 mil euros para ruas do centro histórico
O presidente guardense espera agora que a Estradas de Portugal (EP) termine a EN 338, que «deve ser a porta de entrada da Guarda na Serra da Estrela». E não espera a oposição dos restantes municípios, pois «todos ganhamos com uma nova acessibilidade ao maciço central», garante. De resto, a autarquia já deu essa indicação aquando da elaboração do Plano de Ordenamento do Parque Natural da Serra da Estrela, tendo ficado salvaguardado «um canal para a via», revelou aos jornalistas. «A conclusão da EN 338 é muito importante para a nossa economia, além de ser uma estrada com características turísticas, com parques de repouso/miradouro, e respeitadora das condicionantes ambientais da zona. Nunca será uma via rápida», refere. Outro assunto que marcou a reunião foi o anúncio da aprovação de uma candidatura ao III Quadro Comunitário de Apoio para requalificar todas as ruas do centro histórico que não foram abrangidas pelo programa Polis, ou seja, a grande maioria. Até 2009, a autarquia dispõe de mais de 870 mil euros para repavimentar e colocar mobiliário urbano.
«Nenhuma ficará por tratar», prometeu o edil, que pretende valorizar o espaço público numa zona «delicada e de grande interesse para a Guarda». Nesse sentido, vai ser aberto «rapidamente» um concurso público limitado para a elaboração destes projectos. Com esta intervenção, a Câmara espera contribuir para a dinamização de uma área degradada e actualmente pouco convidativa. «Temos que apostar fortemente em todo o centro histórico para o tornar num cartaz de visita, nomeadamente na Judiaria enquanto área de referência para o turismo», adiantou Joaquim Valente. O anúncio desta intervenção surge numa altura em que a sociedade Polis já não pode lançar mais obras por se encontrar em fase de liquidação. O problema é que só tratou do pavimento das ruas D. Sancho, da Paz, Francisco de Passos até à zona do Torreão e Largo do Passo do Biu, além da Praça Velha.
Luis Martins