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Barragem de Girabolhos novamente na calha

Girabolhos Foto
Escrito por ointerior

Projeto no concelho de Seia faz parte da estratégia nacional para a gestão da água, apresentada no domingo

O Governo anunciou, no domingo, que a construção da barragem de Girabolhos, no concelho de Seia, está incluída na estratégia nacional “Água que Une” para o abastecimento e distribuição eficiente de água. O plano conta com quase 300 ações a implementar – algumas delas até 2050, entre elas a construção de novas barragens, redução de perdas nos diferentes sistemas e, como último recurso, a interligação entre bacias hidrográficas.
Na região foi anunciada a realização de um estudo para avaliar a viabilidade da construção da barragem de Girabolhos, no rio Mondego. A apresentação da estratégia nacional contou com a participação do primeiro-ministro Luís Montenegro, do ministro da Agricultura, José Luís Fernandes, da ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, de membros do grupo de trabalho que desenvolveram o plano e vários autarcas, entre eles o presidente da Câmara de Coimbra. Para José Manuel Silva, este anúncio «extraordinariamente relevante» e de uma «enorme satisfação» para cidade, reforçando que se a barragem de Girabolhos já estivesse construída não teriam acontecido as inundações de 2019. O autarca referiu ainda que «nunca mais ninguém pode interromper a construção desta barragem, porque com as alterações climáticas e os extremos climáticos podemos vir a ter cheias para quais toda a obra da bacia hidrográfica do Mondego não está preparada, devido à falta de um dos seus componentes essenciais que quase duplica a capacidade de retenção de água na bacia do Mondego, a barragem de Girabolhos».
Opinião diferente tem o presidente da Câmara de Seia. Em declarações a O INTERIOR, Luciano Ribeiro afirmou que esta iniciativa «não representa nada, porque não vão construir barragem nenhuma. Vão voltar a fazer os estudos que já foram feitos há 50 anos e, portanto, não há nada de novo». Descontente com a situação, o autarca socialista acrescentou: «Não houve discussão pública, não liguei nenhuma ao Plano Hídrico do Plano de Revitalização do Parque Natural da Serra da Estrela. Para Luciano Ribeiro, «aquilo que sabemos é que só se lembram de nós para sermos explorados. Queremos saber é se os planos rodoviários têm aquilo que nos interessa, que são as acessibilidades à Serra da Estrela», contrapôs o edil senense, que vai discutir o assunto na reunião de Câmara desta sexta-feira.
A barragem de Girabolhos, no rio Mondego, integrava um conjunto de 10 novas barragens do Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico, lançadas pelo governo de José Sócrates, mas a sua construção foi cancelada em abril de 2016, quando já tinha sido concessionada à Endesa.

267 milhões para a região Centro

A estratégia do Governo aponta para um aumento de 1.139 hectómetros cúbicos (medida da quantidade de água armazenada em barragens) de disponibilidades.
O documento apresenta vários exemplos, divididos por regiões.
No Norte, está prevista, entre outras intervenções, a remoção de infraestruturas hidráulicas obsoletas (ensecadeiras) do rio Côa e a constituição do Empreendimento de Fins Múltiplos da Barragem do Baixo Sabor e Foz Tua.
No Tejo, estão incluídos investimentos como a modernização do aproveitamento hidroagrícola de Idanha-a-Nova, estudo para a construção da barragem do Alvito, próxima de Vila Velha de Ródão. Segundo a estratégia, os investimentos regionais dividem-se com 479 milhões de euros para o Tejo e Oeste, 448 milhões de euros para o Norte, 267 milhões para Vouga, Mondego e Lis, 156 milhões de euros para o Alentejo e 126 milhões de euros no Algarve.
Além de investimentos dirigidos a locais específicos, há projetos e medidas de âmbito nacional.

 

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