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Pina Moura na administração da Media Capital

Rita Miguel deverá juntar-se a Fernando Cabral no Parlamento

Pina Moura renunciou, na semana passada, ao lugar de deputado, eleito pelo círculo da Guarda, e a todos os cargos no PS (membro da Comissão Politica e da Comissão Nacional), após aceitar integrar a administração da Media Capital, um cargo que vai acumular com a presidência da Iberdrola Portugal. Tudo indica que seja substituído por Rita Miguel, que se juntará a Fernando Cabral na Assembleia da República. Caso isto não aconteça o nome que se segue é Cláudio Rebelo.

Joaquim Pina Moura, natural de Loriga, mantém, contudo, a presidência da Assembleia Municipal de Seia. Com 55 anos, entrou na política muito jovem e aos 19 anos foi candidato da oposição democrática às eleições de 1969 no Porto, onde viveu desde os quatro anos e estudou na Faculdade de Engenharia. Aos 20 anos, como militante do PCP, a que aderiu em 1972, usou o mesmo pseudónimo (Duarte) do líder histórico dos comunistas português – daí ser chamado de “Cunhal dos pequeninos”. A sua carreira política começou antes da Revolução, passou pela militância na organização de juventude do PCP, que chegou a liderar, até ao Comité Central do partido, onde entrou juntamente com Zita Seabra. Em 1976, já passado o período do Processo Revolucionário em Curso (PREC), Joaquim Pina Moura é um dos líderes da União de Estudantes Comunistas (UEC) e três anos depois trabalha com Vítor Dias na Secção de Informação e Propaganda, de onde saiu em 1987 para trabalhar na comissão de actividades económicas do PCP. No ano seguinte, em 1988, votou contra a expulsão de Zita Seabra e começou aí a sua dissidência, com críticas à orientação estratégica do partido.

A ruptura só aconteceu em 1991 quando o militante 130 do PCP atacou a liderança de Álvaro Cunhal pelo apoio dos comunistas portugueses ao golpe de estado contra Mikhail Gorbachev na URSS, que pouco depois deixou de existir. No ano seguinte, está na Plataforma de Esquerda com outros ex-comunistas. Com a chegada de António Guterres à liderança do PS, torna-se um dos “independentes” que ajuda ao lançamento dos Estados Gerais para uma Nova Maioria, que abriu o caminho à vitória dos socialistas nas legislativas de 1995. Com o PS no Governo, Pina Moura, que se tornou militante em 1995, é um dos “braços-direitos” de Guterres no Executivo, o que lhe vale a alcunha de “Cardeal”, da autoria do próprio secretário-geral socialista, numa alusão à dedicação de Richelieu por Luís XIII. De secretário de Estado Adjunto de António Guterres passa sucessivamente para a pasta da Economia e sobe a ministro das Finanças, que concentra toda a política económica, em 1999. Com a queda de Guterres, Pina Moura continua no Parlamento e iniciou uma carreira ligado a grandes empresas. Foi administrador da Galp e é presidente da Iberdrola Portugal – em acumulação com o cargo de deputado, o que lhe valeu muitas críticas no partido.

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