A cidade da Guarda é um território de contrastes, onde tradição e modernidade coexistem num equilíbrio delicado e precioso. A sua altitude, o clima rigoroso e as paisagens deslumbrantes evocam tanto a solidez das suas raízes históricas quanto a fluidez das exigências contemporâneas. Ao percorrer as suas ruas, sentimos o entrelaçar do passado com o presente, onde a história molda vivamente a identidade da cidade. Esta terra, marcada pela dureza granítica das suas construções e pela austeridade do clima, carrega consigo séculos de história e resistência, enquanto sente, simultaneamente, o imperativo de se reinventar à medida que o mundo moderno exige novas respostas e soluções.
Como a cidade mais alta de Portugal continental, a Guarda destaca-se pelo seu património e localização estratégica. Porém, enfrenta desafios do mundo moderno que requerem um desenvolvimento sustentável, sem comprometer a sua identidade. Modernizar infraestruturas, diversificar a economia e garantir o bem-estar dos habitantes são prioridades. A política local deve harmonizar tradição e inovação, promovendo educação, cultura e empreendedorismo, assegurando oportunidades para todos, da cidade às aldeias. As aldeias da Guarda, com tradições e saberes ancestrais, são fundamentais para a sua identidade. Devem ser integradas no desenvolvimento global do concelho, preservando o modo de vida rural e valorizando o património imaterial, promovendo um crescimento equitativo e sustentável.
A identidade da Guarda é definida pelos “5 F’s”: Forte, Farta, Fria, Fiel e Formosa. “Forte”: a resistência da Guarda é lendária, graças à sua posição e ao papel de fortaleza que desempenhou ao longo da história. No século XXI, esta força deve traduzir-se em políticas públicas sólidas, que assegurem um desenvolvimento sustentável e um futuro promissor. “Farta” refere-se à riqueza cultural, histórica e gastronómica, a ser ampliada com investimento, inovação e oportunidades económicas. “Fria” evoca o clima severo, a ser transformado com iniciativas que promovam uma Guarda mais acolhedora. “Fiel”: a lealdade da população da Guarda é uma marca distintiva, refletindo-se na ligação às tradições e à terra. No entanto, esta fidelidade deve também ser dirigida ao futuro, com um compromisso de inclusão, igualdade e inovação. A cidade deve oferecer condições para que os jovens possam crescer e prosperar, mantendo-se fiel a um projeto de desenvolvimento equilibrado e sustentável. “Formosa”: a cidade precisa de continuar a cuidar desta beleza de forma integrada e estratégica, garantindo uma regeneração urbana sustentável e criando espaços públicos modernos e acolhedores.
Para enfrentar os desafios do século XXI, a Guarda precisa de novos “5 F’s”: Futurista, Fácil, Feliz, Fértil e Firme. Estes novos “5 F’s” são complementares aos já existentes, enriquecendo-os e fortalecendo a visão de uma Guarda que honra o seu passado enquanto se projeta com ambição para o futuro. “Futurista” implica uma aposta em inovação, tecnologia e educação de qualidade. É essencial olhar para o futuro com ambição, apostando na inovação, tecnologia e empreendedorismo para atrair e reter talentos. O futuro da Guarda passa por uma modernização que respeite a sua identidade, incluindo a digitalização e a educação de qualidade. O futuro da Guarda depende da nossa capacidade de sermos visionários. “Fácil” significa tornar a cidade mais acessível e ágil, com melhores transportes e um ambiente acolhedor. Um sistema burocrático mais ágil e um apoio efetivo às empresas são fundamentais para simplificar o quotidiano. Viver na Guarda tem de ser fácil. “Feliz” reflete a prioridade pelo bem-estar da população, promovendo a realização pessoal e social. “Fértil”: a Guarda precisa de se tornar um terreno fértil para novas ideias e negócios, investindo em setores como as indústrias culturais, o turismo sustentável e as tecnologias emergentes. “Firme”, pois a Guarda deve ter uma visão clara e consistente para o futuro, mantendo-se firme na defesa do desenvolvimento sustentável e da coesão social.
A Guarda, embora pequena em dimensão, possui uma grandeza inegável pela sua história, povo e beleza natural. A cidade deve reinventar-se, com olhos no futuro, sem perder a essência do passado. Este processo exige políticas que valorizem o ambiente urbano e rural, promovendo coesão e prosperidade.
A Guarda é uma cidade de forças e contrastes, uma cidade que nos desafia a pensar, a sentir, a agir. O seu potencial é imenso, mas exige de nós uma coragem renovada. Temos de sonhar com um futuro onde tradição e inovação se complementam, onde o património seja um trampolim e não uma âncora, onde a inclusão, o empreendedorismo e a sustentabilidade sejam as pedras angulares de um amanhã mais justo e próspero.
Parabéns, minha GUARDA.
* Deputada do CDS na Assembleia Municipal da Guarda