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Paulo Manuel eleito na Associação Comercial

Joaquim Carreira reclama fim do voto por correspondência e atribui a derrota ao alheamento dos comerciantes da Guarda

Paulo Manuel é o novo presidente da Associação Comercial da Guarda (ACG). O actual vice-presidente foi eleito na madrugada de sábado com 287 votos, mais 84 que o seu adversário, Joaquim Carreira. A votação por correspondência dos associados de fora do concelho da Guarda terá sido determinante para esta vitória.

«Fizemos uma cobertura distrital e deixámos a cidade para o fim, mas quando cá chegámos percebemos que já era tarde», reconheceu o empresário, que quer apostar numa associação empresarial para «servir os seus associados». Por sua vez, Joaquim Carreira manifestou alguma decepção: «O sentimento que colhemos dos associados era diverso deste resultado. Ganhámos na Guarda, onde há pouco mais de 500 votos, mas não foi suficiente. Portanto, foram os comerciantes da Guarda que permitiram que o resultado fosse este», lamentou, reconhecendo que a eleição foi ganha pelos votos vindos de Pinhel e Figueira de Castelo Rodrigo. «O facto da lista adversária ter pessoas de outros concelhos terá ajudado à caça ao voto por correspondência e, pelos vistos, é assim que se ganha a Associação Comercial», acrescentou o arquitecto, para quem será necessário alterar os estatutos quanto a esta matéria. Muito crítico, o candidato da lista B considera que esta eleição é a prova de que quem está no poder tem sempre vantagem sobre o adversário. «Conhece, à partida, os cadernos eleitorais e sabe quem pode votar. Enquanto o voto por correspondência não for alterado no regulamento eleitoral, isto acontecerá sempre», afirmou. Nesse sentido, Paulo Manuel já disse estar disponível para «melhorar os estatutos».

Até lá, o novo presidente da ACG já tem outros potenciais problemas para resolver. Trata-se dos dois centros comerciais, com cerca de 100 lojas cada, que vão abrir na cidade nos próximos dois anos. «Um “shopping” é bom, dois serão um problema para o comércio tradicional», alerta, admitindo que esta «forte concorrência» poderá ditar o fecho de alguns estabelecimentos. E, para contrariar essa possibilidade, reivindica desde já algumas contrapartidas da Câmara e dos promotores. Nesse sentido, a FDO, responsável pelo Vivaci na Avenida dos Bombeiros, assinou recentemente um protocolo de colaboração com a ACG para «potenciar as expectativas dos comerciantes estabelecidos na cidade, através da abertura de novas lojas naquele centro comercial a condições favoráveis». Quanto ao poder local, Paulo Manuel reclama a valorização dos espaços urbanos para que «os cidadãos possam continuar a procurar o comércio tradicional», cujos empresários também são desafiados a fazer «grandes mudanças» na sua forma de trabalho. Mas também a criação de um «fundo de apoio à modernização destes estabelecimentos, porque criam mais empregos a longo prazo e de forma mais estável».

Angariação de novos sócios

«Com estes dois centros comerciais haverá um grande crescimento da oferta comercial e da concorrência, o que colocará os nossos associados em grande dificuldade», avisa, recordando que o mercado da Guarda é «exíguo para tanta oferta, além da actual política fiscal portuguesa estar literalmente a “matar” o comércio do interior». No entanto, nem tudo é mau, pois o dirigente até considera «benéfica» a localização dos empreendimentos. Ambos estão dentro da cidade e relativamente próximos, contribuindo também para a beneficiação do espaço urbano. O Vivaci está junto ao centro histórico e o “Guarda Mall”, dos holandeses da TCN, vai requalificar o mercado municipal. «Ainda bem que estão na cidade, porque nem toda a gente passa o dia num centro comercial», acredita. Contudo, para atrair estes potenciais clientes, o dirigente defende que o comércio tradicional terá que «investir muito, apostar em parcerias de “franchising” e realizar estudos de mercado para descobrir nichos de mercado a que os “shoppings” não dão resposta».

Quanto ao seu mandato, o novo presidente da ACG pretende descentralizar a Comercial, através de reuniões locais periódicas, e criar mais condomínios comerciais ou agências de promoção no distrito. «Os comerciantes devem organizar-se localmente para terem uma voz comum», exemplificou. Por outro lado, anunciou que a sua primeira medida será avaliar os recursos da associação e «arrumar a casa» para começar a trabalhar. Paulo Manuel pretende ainda lançar uma campanha de angariação de novos sócios, além de consolidar os actuais, tudo para a ACG ter «mais força reivindicativa». Quanto às dívidas ao fisco e Segurança Social, garante que já foram regularizadas.

Luis Martins

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