Especial Feira Farta 2024 Sociedade

Há mais de 70 anos que as Facas do Verdugal fazem fama de norte a sul de Portugal

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Escrito por Sofia Pereira

Facas são fabricadas a pouco mais de 10 quilómetros da Guarda, mas falta mão-de-obra

As facas do Verdugal são conhecidas mundo fora e produzidas numa pequena aldeia às portas da Guarda, mais precisamente a 12 quilómetros da cidade mais alta. É mais um produto em destaque nesta edição da Feira Farta, que criou fama ao longo dos anos. Manuel Pires, proprietário da cutelaria Ernesto Pires & Filhos, no Verdugal, diz que há interessados nas facas na «França, Alemanha e por aí a diante» e garante que «de norte a sul do país temos clientes, sejam feirantes, armazenistas ou privados».
A Feira Farta é mais uma oportunidade de contacto entre os consumidores e os produtores locais que há mais de 70 anos fabricam e comercializam as facas do Verdugal. Os artesãos já não são muitos e podemos estar a falar de um negócio em vias de extinção, mas por agora os produtores trabalham «com amor à arte», pelo que a «boa fama» do material se cria sozinha.
As facas nascem através de tiras de aço, são depois colocadas num forno para que seja feito o tratamento térmico (que ultrapassa os 1020 graus), de seguida as facas são colocadas numa outra máquina para que sejam limpas e amaciadas e, neste momento, a lâmina da faca começa a parecer-se com o aspeto final. Depois de secar, as facas são polidas e é-lhes colocado o cabo de madeira ou plástico e o selo da marca. No fim do processo, as facas são afiadas e, depois de limpas, seguem para a mão dos clientes.
Questionado sobre o futuro do negócio, Manuel Pires vê-o «morrer» e diz ter «pena do que está aqui investido». Conta que desde 1948 que a Cutelaria Ernesto Pires & Filhos fabrica as famosas facas do Verdugal, uma empresa familiar que ao longo de anos se dedicou à produção de artesanal de facas, navalhas e foices, que agora vê o futuro de forma incerta, uma vez que, os «jovens estudam e já não se interessam por estes trabalhos». A arte da cutelaria «requer certos requisitos e saberes», pelo que «não é um sujeito qualquer que pega neste negócio», afirma o proprietário que aponta a falta de pessoas para trabalhar no fabrico destas facas.
Certo é que a procura não acaba. Manuel Pires diz que nunca teve «razão de queixa», nem mesmo nos anos da pandemia. As encomendas estão sempre a chegar e vêm de todos os lados, de todos os pontos do país, e muitas vezes do estrangeiro. É o «gosto pela profissão» que mantém a loja em pé e o fabrico das facas mais vivo do que nunca.
Este fim-de-semana, 21 e 22 de setembro, as Facas do Verdugal vão ter um lugar dedicado no stand da Feira Farta, no Largo do Mercado Municipal, na Guarda, uma oportunidade de aproximar e apresentar os produtos regionais à população de todo o concelho. O certame, que se realiza pelo oitavo ano, promove e divulga os produtos endógenos das 43 freguesias do concelho da Guarda, neste ano com a presença de cerca de 400 produtores e mais de 1.000 artigos da região. As Facas do Verdugal são apenas um nesta grande lista de produtos endógenos do concelho da Guarda.

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Sofia Pereira

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