As facas do Verdugal são conhecidas mundo fora e produzidas numa pequena aldeia às portas da Guarda, mais precisamente a 12 quilómetros da cidade mais alta. É mais um produto em destaque nesta edição da Feira Farta, que criou fama ao longo dos anos. Manuel Pires, proprietário da cutelaria Ernesto Pires & Filhos, no Verdugal, diz que há interessados nas facas na «França, Alemanha e por aí a diante» e garante que «de norte a sul do país temos clientes, sejam feirantes, armazenistas ou privados».
A Feira Farta é mais uma oportunidade de contacto entre os consumidores e os produtores locais que há mais de 70 anos fabricam e comercializam as facas do Verdugal. Os artesãos já não são muitos e podemos estar a falar de um negócio em vias de extinção, mas por agora os produtores trabalham «com amor à arte», pelo que a «boa fama» do material se cria sozinha.
As facas nascem através de tiras de aço, são depois colocadas num forno para que seja feito o tratamento térmico (que ultrapassa os 1020 graus), de seguida as facas são colocadas numa outra máquina para que sejam limpas e amaciadas e, neste momento, a lâmina da faca começa a parecer-se com o aspeto final. Depois de secar, as facas são polidas e é-lhes colocado o cabo de madeira ou plástico e o selo da marca. No fim do processo, as facas são afiadas e, depois de limpas, seguem para a mão dos clientes.
Questionado sobre o futuro do negócio, Manuel Pires vê-o «morrer» e diz ter «pena do que está aqui investido». Conta que desde 1948 que a Cutelaria Ernesto Pires & Filhos fabrica as famosas facas do Verdugal, uma empresa familiar que ao longo de anos se dedicou à produção de artesanal de facas, navalhas e foices, que agora vê o futuro de forma incerta, uma vez que, os «jovens estudam e já não se interessam por estes trabalhos». A arte da cutelaria «requer certos requisitos e saberes», pelo que «não é um sujeito qualquer que pega neste negócio», afirma o proprietário que aponta a falta de pessoas para trabalhar no fabrico destas facas.
Certo é que a procura não acaba. Manuel Pires diz que nunca teve «razão de queixa», nem mesmo nos anos da pandemia. As encomendas estão sempre a chegar e vêm de todos os lados, de todos os pontos do país, e muitas vezes do estrangeiro. É o «gosto pela profissão» que mantém a loja em pé e o fabrico das facas mais vivo do que nunca.
Este fim-de-semana, 21 e 22 de setembro, as Facas do Verdugal vão ter um lugar dedicado no stand da Feira Farta, no Largo do Mercado Municipal, na Guarda, uma oportunidade de aproximar e apresentar os produtos regionais à população de todo o concelho. O certame, que se realiza pelo oitavo ano, promove e divulga os produtos endógenos das 43 freguesias do concelho da Guarda, neste ano com a presença de cerca de 400 produtores e mais de 1.000 artigos da região. As Facas do Verdugal são apenas um nesta grande lista de produtos endógenos do concelho da Guarda.
Há mais de 70 anos que as Facas do Verdugal fazem fama de norte a sul de Portugal
Facas são fabricadas a pouco mais de 10 quilómetros da Guarda, mas falta mão-de-obra