A UBI foi o palco, na semana passada, das I Jornadas Transfronteiriças dedicadas à “Pobreza e Desenvolvimento”, organizadas pelas Cáritas Diocesanas da Guarda e Salamanca, com o apoio da Universidade da Beira Interior.
Nesta reflexão sobre a realidade social e económica transfronteiriça estiveram presentes dirigentes e técnicos da Cáritas e alguns responsáveis de instituições de carácter social, religiosas e civis, que destacaram como ideias principais o envelhecimento progressivo da população, com uma consequente desertificação humana das respectivas regiões, os altos índices de pobreza e desigualdade em toda a zona raiana, com taxas superiores às médias nacionais. Foi ainda debatida a falta de políticas de desenvolvimento para esta região e a «atitude passiva de uma parte significativa da população perante a falta de expectativas de futuro», refere o texto final do encontro. Nesse sentido, os participantes concluíram que a melhor maneira de combater a pobreza transfronteiriça é o desenvolvimento da zona raiana e, para isso, «o centro passa a ser a pessoa humana, um sujeito cheio de potencialidades». As Jornadas consideraram também que a comunidade cristã, e a comunidade em geral, têm um papel fundamental neste desenvolvimento, mas aconselham o Estado «a fazer valer as suas políticas positivamente nas regiões mais desfavorecidas do país».
Das propostas de de intervenção saídas deste encontro destacam-se o «fortalecimento, a organização e a profissionalização» da rede Cáritas, para além da necessidade de acções que potenciem iniciativas de emprego na zona raiana. Uma outra forma de intervir consistirá na realização de «uma análise permanente da realidade social e económica transfronteiriça e intensificar a colaboração entre as Cáritas destas regiões vizinhas com vista a uma operacionalização crescente dos desafios e conclusões produzidas nestas jornadas». Recorde-se que, na sessão de abertura, D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, considerou que a generalização do micro-crédito é o caminho «mais importante» para erradicar a pobreza. Na sua opinião, a medida prioritária é «levar aos cidadãos e, particularmente aos que estão em situação de pobreza, a paixão por iniciativas empresariais», defendendo o estímulo de pequenas empresas. «Temos de descobrir formas de estimular a cultura empresarial, mesmo junto de quem diz ser pobre. E não adianta dizer que não há dinheiro, porque alguém há-de financiar», afirmou.