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Comer a rainha

observatório de ornitorrincos

Leio em publicação de referência científica – jornal 24 Horas – que uma investigação feita em Inglaterra, que envolveu 19 mil entrevistas, revelou que uma grande parte dos homens britânicos gostariam de ter uma aventura sexual com a rainha Isabel II. Ou, em alternativa, sonham com Margaret Thatcher dentro dos lençóis.

Outra conclusão da análise é que os ingleses teriam relutância em manter uma tórrida relação (utilizo conceito próprio do 24 Horas) com uma celebridade. Isto é, entre uma octogenária respeitável e uma pós-adolescente badalhoca, o povo inglês escolhe civilizadamente a dignidade e o respeito do castelo de Windsor ou das Casas do Parlamento. Falta investigação deste calibre em Portugal. Entre Maria Cavaco Silva e Soraia Chaves por quem optariam os portugueses? Sabe-se que no cinema escolheram a segunda. Este parece mais um indicador de subdesenvolvimento do nosso país, a que os Boaventuras desta terra deveriam dar atenção. As causas da pobreza do terceiro mundo são muitas vezes causadas pela pequenez do espírito e pela enormidade dos seios.

Parece também que os entrevistados prefeririam fazer amor com alguém que não o seu companheiro habitual. Nestes casos, o meu conselho é simples – troque para a mão esquerda. Aparentemente, cerca de oito milhões de pessoas no Reino Unido são sexualmente inactivas. À atenção do Eng. Sócrates e de alguém da Comissão Europeia: a Inglaterra precisa de um choque tecnológico e rede de banda larga em todas casas. Ou então, numa lógica de redistribuição social-democrata própria do Estado-Providência, pedir ao meio milhão hiperactivo, que tem sexo mais de uma vez por dia, que dêem uma pequena ajuda (não escrevi “uma mãozinha” de propósito) aos oito milhões que estão em banho-maria.

Para terminar, o estudo refere que os homens têm, em média, quinze parceiros sexuais durante a vida e as mulheres apenas catorze. O estudo não especifica se essa unidade a mais na média masculina é Isabel II ou Margaret Thatcher.

Estudos assim só podem provar a superioridade de uma civilização. Quinze parceiras. Sonhos eróticos com a rainha. Meio milhão que actua mais de uma vez por dia. Pouco interesse por estrelinhas mediáticas. Modelos de desenvolvimento, caríssimos governantes, são estes. Auto-estradas, cabo de fibra óptica, educação universal, leis laborais mais flexíveis e luta conta a corrupção de nada valem sem que evoluamos ao nível, como diria um ministro das Obras Públicas, das infra-estruturas do subconsciente. Um povo que gosta de ser amiguinho dos poderosos não pode competir neste mundo pós-material com outro que deseja, literalmente, dormir com eles. Tal como no jogo de estratégia por excelência, o xadrez, a verdadeira jogada de mestre para os ingleses é comer a rainha.

PS: Após este estudo, o filme A Rainha, de Stephen Frears, o tal que deu Oscar a Helen Mirren, devia ser classificado como filme erótico para maiores de 18 anos. Há por lá alguns cruzares de mãos que aparentam indecências impróprias para espectadores pouco avisados.

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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