«O que tem caracterizado a maioria neste concelho é ser arrogante e autista, pois todos estamos à mercê da mente e da vontade de um homem só». A afirmação é de António Dias Rocha, do Movimento Independente pelo Concelho de Belmonte (MpB), que juntamente com Jorge Amaro, solicitou a suspensão do mandato de vereador por 90 dias. Na resposta, o edil belmontense, Amândio Melo, desvaloriza as críticas, considerando que a rotatividade dos vereadores é «prejudicial» para o município.
António Dias Rocha, até aqui líder da oposição no executivo, garante não haver «nenhuma razão específica» para esta suspensão, até porque a possibilidade de rotatividade ficou definida desde o início. Nesse sentido, o médico vai dar lugar a João Gaspar, enquanto Jorge Amaro será substituído por Luís António. De resto, esta saída «não é definitiva», mas antes «um até já», garante o antigo presidente da autarquia, que critica a atitude do actual executivo: «Estaremos atentos e continuaremos a apresentar propostas, mas, quando as apresentamos, não passam porque a maioria não deixa», acusa, reclamando para o MpB os louros da proposta do apoio financeiro aos idosos do concelho na aquisição de medicamentos. Aliás, afirma mesmo que «as boas ideias deste executivo estão no nosso programa e a estratégia vem de há 12 anos atrás, quando tive o privilégio e a honra da implementar», sublinha Dias Rocha. «O que vemos agora é desbaratar os poucos dinheiros que este município tem, continuando a apostar em projectos que não são prioritários, como os museus, e não naquilo que realmente preocupa as populações», critica.
«Que investimento foi feito nas freguesias nestes 14 meses? Criadores de emprego e de riqueza para o concelho, eu não vejo nenhum», completa Dias Rocha, acrescentando que o actual presidente tem «muitas vezes, comportamentos de autismo, pois o concelho não está a progredir e há desânimo na sociedade belmontense». No entanto, os eleitos do MpB dizem ser possível «tentar convencer quem tem o poder de que o tempo de estarmos à mercê de um autarca que manda, que sabe e que faz, tem de acabar». Confrontado com as críticas, Amândio Melo responde que «quando faltam os argumentos, recorre-se a artifícios e os vereadores da oposição fizeram uma apreciação errada e injusta. Uma pessoa arrogante não delega competências nos vereadores e nos serviços, o que não tinha acontecido antes», recorda, garantindo que não abdica de exercer as suas competências enquanto presidente de Câmara. Também a rotatividade da oposição não é bem vista, resultando antes num «prejuízo» para o município, na medida «em que vai haver uma perda de conhecimentos» dos processos por parte da oposição. Tendo em conta que a suspensão será, em princípio de 90 dias, «quando os novos vereadores estiverem dentro dos assuntos poderão estar de saída da Câmara», critica. Por isso, Amândio Melo não é «defensor destas alternâncias sem um motivo forte», isto apesar de ser uma «decisão legítima» e que respeita.
Ricardo Cordeiro