Todos os indivíduos sentiram pelo menos uma vez na vida a vontade de desaparecer, ou pelo menos de se tornar invisível. Este estado de espírito que muitas vezes nos invade poderá num futuro, não muito distante, ser uma realidade prática bastante acessível e como várias aplicações.
Foram publicados pela revista “Science” dois estudos independentes, onde é defendida uma teoria inovadora para fabricar objectos invisíveis. Segundo os cientistas que estão por detrás destes estudos, já existem as bases teóricas para a construção de um equipamento de invisibilidade. Em princípio, um equipamento destes poderá ser construído utilizando-se uma classe exótica de compósitos artificiais, conhecidos como metamateriais.
Estes materiais de camuflagem serão capazes de esconder qualquer objecto ou pessoa de forma a não serem detectadas. Esta camuflagem funcionará como se existisse um buraco no espaço, de modo que, toda a luz ou qualquer outra onda electromagnética seja capturada ao redor da área e guiada pelo metamaterial, emergindo do outro lado como se tivesse passado através de um volume vazio do espaço.
Ao contrário do que se verifica com os buracos negros, onde todo o tipo de radiação electromagnética, incluindo a luz, é absorvida, num metamaterial, qualquer radiação atravessará este material sem sofrer qualquer tipo de radiação. As radiações electromagnéticas fluirão ao longo de um obstáculo, tal como a água de um rio flui ao longo das pedras do seu leito.
A teoria, agora publicada, fornece o corpo matemático para a descrição de um metamaterial com as propriedades estruturais que lhe permitem interagir com a radiação electromagnética da forma que se desejar. Este corpo matemático poderá agora guiar os cientistas experimentalistas na produção de metamateriais com as características desejadas.
Apesar de todo este vanguardismo e das inúmeras possibilidades abertas com o desenvolvimento deste novo conceito, ainda existem algumas limitações, sendo a mais evidente o facto de uma pessoa dentro de uma possível capa de camuflagem perder toda a visão e capacidade de comunicação com o exterior. A somar a estes e outros problemas de ordem técnica, surgem problemas de ordem ética.
Neste sentido, a teoria da invisibilidade já atraiu a preocupação das associações de nanoética para os perigos advindos em termos de privacidade e segurança, como por exemplo, a utilização destes materiais para fins menos filantropos. Todos estes dados, e outros que mais tarde surgirão, irão ser amplamente discutidos por um espectro alargado da comunidade científica nas próximas décadas, quando estes materiais começarem a surgir em diferentes aplicações.
Por: António Costa