Para quem não tem seguido a actualidade nos últimos tempos, faz-se aqui um pequeno resumo: um vírus atacou o planeta, os russos atacaram a Ucrânia, o Galamba atacou um secretário, o Ministério Público atacou o Costa, o Irão atacou Israel, um livro atacou o despautério, o Governo atacou um logótipo, e o Pedro Nuno Santos atacou toda a gente.
Os últimos quatro anos foram isto. De quem é a culpa? Obviamente, de Passos Coelho e das alterações climáticas. O mundo está mais quente e Passos está mais frio. O mundo tem grandes chuvadas, o antigo primeiro-ministro dá grandes secas. Um e outro são incontroláveis, mas há uns maluquinhos que julgam que os travam amarrando-se a portas de veículos de passageiros.
Os assuntos mais relevantes das últimas semanas foram duas questões sobre identidade. A identidade visual do nosso Governo e a identidade social dos nossos patuscos. Em ambos os casos, é gente que não aprecia o logótipo de família, quando este é apresentado como símbolo de uma batalha pelo progresso. Num caso, faltam as quinas, no outro caso faltam os traquinas. A família também é uma bandeira que se ergue ao vento. E tal como as cores da bandeira republicana têm ao meio a esfera armilar, muitos casais têm um cosmos a separá-los um do outro.
Os lados envolvidos nas discussões sobre logótipos e tipos de família dizem praticamente a mesma coisa, e que se pode resumir à formulação tipificada em “a minha é melhor do que a tua”. Não faço ideia se há logótipos naturais e famílias de design, se as mulheres devem ter uma imagem simples para serem visíveis nos formatos digitais ou se devemos valorizar o papel de um desenho com um quadrado, um círculo e um rectângulo como dono da casa. Não sei se é moralmente inaceitável a interrupção voluntária do logótipo, ou se está mais correcto o princípio “meu corpo governativo, minhas regras de marketing”. Também não sei se a família moderna que o Partido Socialista encomendou é mais estética do que a tradicional que este governo trouxe de volta.
Do que me lembro é que um dos símbolos parecia um semáforo e as famílias parecem sempre uma passadeira.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia