No último domingo, houve um claro vencedor, um resultado que muitos previram. Os entendidos gostam de dizer que este resultado é fruto do populismo e de excesso de simplificação da realidade. De uma redução de problemas sérios a um discurso emotivo e alarmista. Mas o que importa, no fim da noite, são os votos contados. E essa contagem, que mostrou muitos comentadores resignadamente infelizes, foi inegavelmente favorável a “Oppenheimer”.
Também no fim-de-semana, a escolha dos portugueses foi diferente da preferência das pequenas elites opinadoras, que deram imenso destaque à gritaria. Chamados a votar, os portugueses optaram pelo candidato que rebentava pelas costuras. Como o resultado final do Festival da Canção é uma combinação entre voto popular e voto de peritos, “Grito” acabou como a vencedora do certame.
Este modelo de combinar a votação do júri com a votação popular podia ser uma boa ideia para eleições legislativas. O povo escolhia metade dos deputados e um júri escolhia a outra metade. Desta forma, em dias de eleições evitavam-se os achaques públicos das elites de esquerda – que, felizmente, não entopem as urgências do SNS, porque só se tratam em clínicas privadas. O povo sozinho, é visível, só faz disparates. Não fosse o júri, a canção portuguesa na Eurovisão seria uma personagem do “Estranho Mundo de Jack”.
Também em Portugal, durante o dia de domingo, houve outras importantes disputas, embora se continue sem saber quem vai vencer, quando se encerrar a contenda. Embora com alguma dificuldade, e com o terceiro classificado a morder-lhes os calcanhares, Sporting e Benfica venceram os jogos e continuam separados por apenas um ponto.
E foi isto, o fim-de-semana. Os candidatos estão praticamente empatados. Nos Oscars, ganha o filme da ogiva. No Festival da Canção, dá “Grito”. No fim de tudo isto, acaba tudo aflito porque chega uma bomba e o país dá o berro.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia