Carlos Chaves Monteiro, ex-presidente da Câmara Municipal da Guarda e atual vereador do PSD, afirmou que não entendia as razões de dois empréstimos que o município vai contrair num valor conjunto que supera os 8,8 milhões de euros. E tem toda a razão, uma vez que a autarquia liderada por Sérgio Costa tem aumentado as receitas provenientes do Estado e tem diminuído drasticamente os investimentos.
Porque lhe falta então o dinheiro? Para que é que Sérgio Costa quer mais dinheiro se nem gastar o que supostamente tem consegue?
Vamos aos números. Apesar de em 2024 o Estado transferir para a Câmara da Guarda mais seis milhões do que em 2023, a autarquia prevê gastar muito menos do que no ano passado. Para um milhão de euros previsto em habitação social em 2023, Sérgio Costa só quer gastar 85 mil euros este ano. Em vez de 2,3 milhões aplicados em projetos com a Comunidade Intermunicipal em 2023, para 2024 só está orçamentado um milhão. O mesmo milhão que a autarquia conta gastar em 2024 em acessos ao Porto Seco e à ferrovia, muito menos do que os 2,3 milhões previstos no ano passado. Nos investimentos na fileira do turismo a redução é da mesma ordem: de 4,4 milhões em 2023 para 2,6 em 2024.
Até nos gastos com feiras e festas, as meninas dos olhos de Sérgio Costa, o que está orçamentado para 2024 é metade do que foi gasto em 2023!
Portanto, das duas, uma. Ou não se justifica o empréstimo que Sérgio Costa fez aprovar com a abstenção do PS, uma vez que os gastos de 2023 baixam 6,7 milhões em 2024 e as receitas provenientes do Estado aumentam seis milhões. Ou, então, há uma marosca para dar um destino inconfessado aos 7,6 milhões que Sérgio Costa vai agora a pedir num empréstimo de longo prazo.
Não vale a pena o presidente da Câmara vir com conversas de por a chorar as pedrinhas da calçada, dizendo que o dinheiro é para aplicar em freguesias afetadas pelos incêndios… Para esses investimentos, Sérgio Costa tem dinheiro – ou melhor: devia ter dinheiro! Se não o tem, é porque lhe deu descaminho – ou, então, porque o está a guardar para feiras, arraiais e excursões no ano que antecede a campanha eleitoral que irá ditar em 2025 se será reeleito ou não.
Como escrevia o poeta Mário Cesariny, «falta por aqui uma grande razão». É preciso descobri-la. Para isso, é necessário fazer uma auditoria financeira independente às contas da Câmara Municipal da Guarda.
Esta auditoria é urgente. Quanto mais tarde se perceber porque é que Sérgio Costa precisa tanto de dinheiro, pior. E mais caro para os munícipes.
* Presidente do Conselho Distrital da SEDES Guarda