Nenhuma das três maternidades da Beira Interior vai fechar em 2007, porque o futuro Centro Hospitalar da Beira Interior (CHBI) ainda não estará constituído no próximo ano. Depois do alvoroço dos últimos anos, o assunto dos blocos de partos está em “banho-maria” e à espera que o primeiro Conselho de Administração do CHBI, unidade que vai juntar os hospitais da Guarda, Covilhã e Castelo Branco, entre em funções e decida. No entanto, já há uma certeza. A sugestão proposta no estudo da Escola Nacional de Saúde, divulgado recentemente, para o bloco de partos [a Covilhã] «não é a solução» para a Beira Interior.
Isso mesmo confirmou o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, promotor de uma reunião com as três administrações hospitalares da região na última sexta-feira, realizada no Sousa Martins. Fernando Regateiro assumiu que o trabalho foi analisado e arrumado. «É um documento académico e não uma deliberação», sublinhou, tendo aproveitado para anunciar que os responsáveis «selaram um acordo» sobre a distribuição das especialidades de referência na Guarda, Covilhã e Castelo Branco. «Com esta solução, as populações ganham em acessibilidade, oferta de serviços e qualidade assistencial. Mas as instituições também, porque as especialidades que existem actualmente vão continuar a ser prestadas em regime de ambulatório ou internamento», garantiu o médico, numa altura em que surgiram muitas dúvidas sobre a continuidade de alguns serviços nas três cidades. O presidente da ARS disse tratar-se de «pura especulação», mas recusou adiantar o quer que fosse sobre quais as especialidades de referência em cada hospital. «Temos um desenho possível, mas não quer dizer que seja o definitivo», afirmou, preferindo realçar antes que esta concentração será determinante para que «os doentes da região fiquem na região» e não tenham que se deslocar aos hospitais centrais para tratamentos em determinadas áreas.
«É mesmo possível aumentar a oferta de novas especialidades, caso da Oncologia, uma vez que a população abrangida pelo Centro Hospitalar é muito maior», exemplificou. Só que este modelo vai implicar maior mobilidade dos médicos entre os hospitais que vão ser referência para as principais especialidades. «O Centro Hospitalar é uma entidade única e a mobilidade vai reger-se de acordo com a lei vigente», anunciou. No entanto, perspectiva-se outra polémica, desta vez com os médicos. À porta da sala onde decorreu a conferência de imprensa, Henrique Fernandes quis saber se os clínicos tinham sido consultados sobre esta matéria, mas Fernando Regateiro recusou responder-lhe, dizendo apenas que «alguns médicos já foram abordados nalgumas especialidades». A dúvida do oftalmologista faz sentido se se confirmar que esta especialidade será referência no Centro Hospitalar da Cova da Beira. Quanto à requalificação do Hospital da Guarda, o presidente da ARS do Centro já não fala em prazos e faz depender a obra da criação do futuro Centro Hospitalar. «Estamos a ultimar a identificação das valências que ficarão nas três unidades para, a partir daí, desenvolvermos as alterações ao programa funcional e darmos depois andamento a todo o processo», disse, adiantado que vai haver alterações ao «esboço» inicialmente apresentado.
Luis Martins