Motivos políticos poderão estar por detrás do despedimento colectivo de 10 trabalhadores, efectuado no passado dia 27 de Outubro pela EMCEL – Empresa Municipal de Celorico da Beira. Essa é pelo menos a convicção da Comissão de Trabalhadores da Empresa Municipal, já que grande parte dos funcionários despedidos assume que apoiou a lista do PSD nas últimas eleições autárquicas.
É o caso de Teresa Felício que diz, em carta aberta, ter sido ameaçada de despedimento «em plena campanha eleitoral» por constar das listas do PSD para a Assembleia Municipal e andar a fazer propaganda pelo partido. Na mesma carta, posta a circular em Celorico, pode ainda ler-se que o capital social da EMCEL é «100 por cento da Câmara», tendo sido fundada para gerir espaços municipais de índole social que «por natureza, dão prejuízo – caso da piscina municipal e do centro cultural, pois praticam preços abaixo do custo». A Comissão de Trabalhadores, constituída posteriormente ao despedimento, alega que essa acção foi «selectiva e ilegal». João Carvalho, um dos dispensados, diz que até ao momento os trabalhadores «desconhecem os critérios de despedimento», pois na carta enviada pela empresa municipal «o único factor apontado foi o económico-financeiro». O ex-funcionário, actual presidente (PSD) da Junta de Freguesia da Carrapichana, alega que se esse fosse o verdadeiro problema, a EMCEL deveria ter efectuado «uma reestruturação antes de avançar com o despedimento colectivo».
Por outro lado, João Carvalho não entende como é que a empresa pode alegar problemas económico-financeiros e, ao mesmo tempo, «ceder funcionários aos bombeiros de Celorico da Beira e à própria autarquia», continuando a suportar os salários desses trabalhadores. Na carta aberta, a que “O Interior” teve acesso, Teresa Felício vai mais longe e acrescenta haver na EMCEL «reformados, e com mais de 70 anos de idade, e funcionárias da piscina que não exercem funções há mais de um ano porque aquele equipamento está encerrado, para além de outros com salários muito mais elevados e cujas funções se reduzem a nada». Entende, por isso, que haveria «muito por onde escolher para os despedimentos». Com o intuito de lutarem contra a medida tomada pela empresa, a Comissão de Trabalhadores colocou, cerca de uma semana após o despedimento colectivo, uma acção judicial contra a EMCEL afim de tentar suspender a medida, pelo que estão a aguardar pela decisão do Tribunal de Trabalho. “O Interior” tentou contactar o administrador da EMCEL, António Silva, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.