O Tribunal Europeu do Ambiente, que esteve reunido durante três dias em Trancoso, já deliberou. As suas principais “sentenças” são a concretização de um projecto-piloto com vista à elaboração de uma “cidade biológica”, a realização de uma nova sessão do Tribunal (Outubro), do encontro de “Arte e Ciência” (Maio) e uma estreia: “Arte e Alquimia” (Setembro) no próximo ano.
«O evento correu muito bem e vão acontecer muitas coisas “boas” em Trancoso nos próximos tempos», agoira Emanuel Dimas Pimenta, actual director do Tribunal Europeu do Ambiente, arquitecto e músico. No final do encontro anual ficou estabelecido que «será instalado um projecto-piloto em Trancoso com vista à elaboração de uma “cidade biológica”», que será a primeira em Portugal. «Se olharmos à nossa volta, estamos todos viciados em petróleo e nos seus derivados (tintas, óleos, vernizes, plásticos, etc.) e é uma forma de repensarmos as nossas vidas sem o seu uso», explica o responsável, avisando que «o interior vai ser abandonado quando o preço do petróleo disparar». O projecto deverá avançar ainda este ano e será coordenado pelo arquitecto António Cerveira Pinto. «Poderá servir de base para o desígnio que tem previsto para Lisboa, que consiste em transformar a cidade e a região do Vale do Tejo na primeira Grande Área Metropolitana Sustentável da Europa», revela o director do Tribunal. A ideia do arquitecto, projectada para ser desenvolvida na era pós-petrolífera, assenta na utilização de energias e meios de transporte alternativos e na «penalização de todas as indústrias produtoras de CO 2», como o próprio revelou em Trancoso, onde expôs o projecto que está englobado na acção “O Grande Estuário”.
Trata-se de um novo conceito energético que prevê a reconversão de toda a economia da região da capital e numa clara aposta em desportos e actividades não poluentes, bem como o recurso a meios de transporte “amigos do ambiente”, segundo Emanuel Dimas Pimenta. Outra das decisões que saiu deste encontro é o projecto chamado “Wikipédia”, uma das maiores enciclopédias do mundo em sistema digital, que permite que todas as pessoas acedam sua à base de dados. Através deste apoio gerar-se-á «uma cyber-comunidade que vai divulgar a região e todos estes acontecimentos», adianta. Entretanto, também já foi confirmada a realização de mais uma edição do “Arte e Ciência” (Maio) e do Tribunal Europeu do Ambiente (Outubro) no próximo ano. Mas em Setembro vai estrear mais um evento da Fundação para as Artes, Ciências e Tecnologias, desta vez dedicado à “Arte e Alquimia”, cujas personagens centrais serão Bandarra e Fernando Pessoa. Outra “sentença” dos participantes neste encontro internacional – dedicado ao tema “As Origens do Futuro” – está relacionada com a criação de um observatório «de todos os processos ambientais e sociais, a expandir entre a Índia, Estados Unidos da América e Portugal», revelou. A iniciativa prevista para os próximos meses servirá «para compreender as mudanças das nossas sociedades e descobrir novos caminhos em termos ambientais». Além destas novidades, será lançada uma edição da revista “TechnoEtic Arts” com as intervenções do encontro, que «será publicada em Inglaterra e distribuída por todas as universidades do mundo», afirma Emanuel Dimas Pimenta.
Patrícia Correia
