Estive há 23 anos em Istambul e havia diversas arestas por limar. Tinha na memória algumas recordações fortes, como a viagem no Expresso do Oriente, a estação onde encontrei os amigos, hoje inactivada. A Istambul moderna de 12 milhões de habitantes é uma mistura incrível de moderno e de espaços antigos. A Sta. Sofia e a Mesquita Azul não mudaram nada e apenas se encheram de turistas americanos e japoneses, brasileiros e espanhóis. Um mundo onde entram 12 milhões de turistas por ano. Havia transatlânticos no porto e cruzeiros mais pequenos e dezenas de navios mercantes ao largo aguardando vez. Uma pujança económica que causa inveja. Em Osmanbey encontramos o comércio parisiense, a ostentação europeia, o design contemporâneo. É o bairro que, do ponto de vista da volumetria, se assemelha a Paris ou Hamburgo. Em Taksim há uma espaço de cafés que me lembraram Berlim (recordemos que há 7 milhões de turcos na Alemanha). São ruelas de prédios com mais de 80 anos restaurados e arranjados. Istiklal é a maior avenida pedonal de Istambul com mais de 4 quilómetros de comprido e a envergadura de uma Avenida de Roma. Numa loja de discos encontrei Marisa, Madredeus e Mísia. Gálata bridge, onde estivera há 23 anos, passando da Europa à Asia, ardeu entretanto e foi restaurada de forma muito comercial há 15 anos. A torre Gálata tem uma praça bonita onde se sentam jovens turistas antes de descer a íngreme rua para a marginal. O que se mantinha igual era o mercado do peixe em bacias, as discussões de 50 por cento do valor pedido no velho mercado coberto, as estonteantes lojas de especiarias, as cores garridas. Não há muitos turbantes por ali, mas há um passado pobre que tem grande dimensão.
Por: Diogo Cabrita