Chico César está de regresso à Guarda. No âmbito de uma mini-digressão, o músico brasileiro actua sábado à noite no TMG com o Quinteto da Paraíba para apresentar o seu último álbum, “De Uns Tempos Pra Cá”. É uma segunda oportunidade para os guardenses descobrirem a criatividade deste compositor, após terem desperdiçado a sua participação nas Festas da Cidade de 2001, em que o público passou ao lado de um grande espectáculo na Praça Velha.
Desta vez não há motivos para faltar. O concerto acontece no quente e aconchegado grande auditório, por outro lado, Chico César já será muito mais conhecido do público do que há cinco anos atrás. “De Uns Tempos Pra Cá” é o sexto álbum e um dos mais pessoais da sua carreira. É feito de 12 temas, entre eles “Utopia” – composto na década de 80, nos tempos em que o cantor frequentava a faculdade de jornalismo, “1 valsa p/ 3” ou “Por Causa de um Ingresso do Festival Matou Roqueira de 15 anos”. Outro destaque é a música “Cálice”, uma versão de um original de Gilberto Gil e Chico Buarque, enquanto “De uns tempos pra cá”, que dá nome ao disco e a este espectáculo, é mais recente, de 2003. Estas canções serão a base do concerto no TMG, onde o público vai viajar pela música, poesia e trajectória do autor, para quem este álbum começa «numa sessão maldita de cinema à meia-noite para terminar encadeado de sol tropical». O mesmo se espera do espectáculo com o grupo de cordas Quinteto da Paraíba, que resulta «numa mistura de música popular e erudita, ao mesmo tempo leve e agitada», assegura a produção.
Chico César nasceu em Catolé do Rocha, na Paraíba. Começou a trabalhar numa loja de discos quanto tinha 8 anos, o que contribuiu para sua iniciação musical. Aos 16 foi para João Pessoa, onde se formou em jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba, enquanto participava no grupo Jaguaribe Carne, que fazia poesia de vanguarda. Seis anos depois mudou-se para São Paulo. Trabalhando como jornalista, estudou melhor o violão, multiplicou as composições e formou o seu público. Em 1991 viajou para a Europa, onde fez diversos espectáculos. No regresso ao Brasil, optou de vez pela carreira artística. E assim, em 1995, lançou o primeiro CD “Aos Vivos”, acústico e ao vivo, com participações de Lenine e de Lany Gordin. Seguiram-se “Cuscuz Clã” (1996), produzido por Marco Mazzola, “Beleza Mano” (1998) e “Mama Mundi” (2000), que confirmou a sua qualidade de intérprete num trabalho repleto de canções e referências ao som que se faz tanto no interior do Brasil, como em diversas partes do mundo. “Respeitem Meus Cabelos, Brancos” (2002) foi o seu trabalho anterior. Durante os últimos anos, Chico César teve músicas gravadas por artistas como Elba Ramalho, Daniela Mercury, Zizi Possi, Rita Ribeiro, Emílio Santiago, Ivan Lins, Sting, Maria Bethânia e Gal Costa, entre outros.
Luis Martins