Os organismos internacionais são unânimes na previsão do declínio populacional do ocidente. A taxa de natalidade baixou na Europa Ocidental para cerca de 1,4 filhos por mulher, muito abaixo da taxa de reposição de gerações que seria de pelo menos 2,1. Os ganhos na saúde elevaram a esperança média de vida para níveis antes impensáveis. Hoje, à nascença é legítima a expectativa de qualquer homem europeu em viver até aos 78 anos, a das mulheres ainda mais. Aos 65 anos, idade habitual da reforma, a esperança de vida ultrapassa já os 85 anos. Vamos ter assim dentro de algum tempo uma população mais velha e menos numerosa do que agora. Teremos também, salvo alguns desenvolvimentos dramáticos, a falência da Segurança Social.
Dizem muitos que a única solução é abrir as portas aos emigrantes, seja aos oriundos dos muitos estados falhados da África subsaariana, seja aos da cintura de estados islâmicos que vai do norte de África ao médio-oriente. Nesta cintura prevê-se que vivam dentro de alguns anos quase um bilião e meio de pessoas. Os muçulmanos têm taxas de natalidade muito superiores à nossa, estão relativamente livres da pandemia de SIDA que aflige a África negra e a ameaça estrangular demograficamente e têm um desígnio: o domínio pelo Islão do resto do planeta. Têm também a necessidade de sair das suas terras estéreis e sem futuro, findo que seja o filão do petróleo. Sem este não representam nada economicamente. Israel, por exemplo, tem um PIB superior ao conjunto de todos os países árabes seus vizinhos. Circulava aliás pela internet, há dias, uma curiosa estatística: os muçulmanos, com 1,2 biliões de pessoas, tinham “produzido” até agora não mais de sete prémios Nobel; os judeus, com apenas 14 milhões, contavam 138. Podem argumentar com os critérios do Comité Nobel, mas terão de identificar que muçulmanos foram injustamente preteridos no recebimento do prémio – e isso não é fácil.
Teremos assim a tal cintura de países islâmicos, falidos e sobrepovoados, a norte da África negra de onde todos querem fugir e a sul de uma Europa decadente, viciosa e povoada de velhos. Não é muito difícil adivinhar o sentido do previsível movimento migratório e a sua urgência. Entretanto, para quem não tenha reparado, esse movimento começou há muito e tem já uma expressão significativa. Em França os muçulmanos são já cerca de dez por cento da população e em Inglaterra não andam longe disso. A Alemanha tem importantes comunidades turcas. Fallaci vociferava contra os árabes desempregados que urinavam nas praças da sua bela Florença.
O pior é que esses árabes, esses muçulmanos que chegam não se integram nas nossas sociedades. Não há miscigenação, nem qualquer tipo de imbricação de uma cultura na outra. Eles recusam-nos e vão transpondo para o nosso território comunidades transplantadas do seus países de origem, como se fossem ocupando a Europa com os seus à medida que esta se vai esvaziando de gente. Outro aspecto inquietante é que, apesar de virem viver para a Europa, de necessitarem dos postos de trabalho que ocupam aqui, de terem fugido de lugares sem qualquer futuro, eles continuam a encarar-nos como inimigos, a desprezar-nos.
Que fazer perante isto? Não sendo a guerra uma opção, há evidentemente que responder à bomba demográfica (que resultou, por exemplo, para os muçulmanos Kosovares) na mesma moeda. Também por isso nos países mais avançados da Europa, na Escandinávia, vêem-se já, apoiadas por agressivas politicas nesse sentido, taxas de natalidade menos dramáticas que a nossa. E ao mesmo tempo que esses países mantêm a sua vitalidade, preparam muito melhor o seu futuro e o da sua segurança social.
Sugestões
Um livro: O Relatório da CIA – Como Será o Mundo em 2020 (Editora Bizâncio, 2006). Um dos cenários propostos é precisamente o do triunfo do Califado.
Um site: vá a http://www.dni.gov/nic/NIC_home.html e dê uma vista de olhos ao 2020 Project.
Duas exposições: Frida Kahlo, na casa Lis em Salamanca (depressa, antes que acabe) e Kyrios, Las Edades del Hombre, na Catedral de Ciudad Rodrigo (até ao final do ano).
Por: António Ferreira