Portugal está hipotecado por uma descrença, diminuído por uma desilusão, famoso por uma evidência pública. Um primeiro-ministro com tudo para governar quatro anos demite-se. Um Presidente de maioria evidente conspurca-se numa infantilidade que nos faz cair o queixo.
Duas das mais importantes figuras do Estado, a braços com a jornalista dos tabloides. Sandra Felgueiras não investiga a TAP, não se preocupa com o BES, não vai à destruição das centrais elétricas de Sines e do Pego. A Sandra é da destruição nominal, é da conspurcação do nome e a criadora de nódoas da honra. É o país de Ricardo Araújo Pereira que ama vilipendiar e apoucar. Os portugueses adoram este jornalismo de suspeição e de investigações do Ministério Público. A trampa é colocada frente à ventoinha e dispersa-se no ar. Todos se merecem. Todos são da família que ajudaram a construir.
Gémeos na demagogia, na necessidade pública, na dependência de sondagens, os dois governantes, ambos, descaracterizam os cargos e desenobrecem o Estado, a estrutura em que se processa a organização das nações, a fórmula identitária hierárquica que permite a conduta pública. Tenho muita pena dos gémeos estarem na malha da investigação. Tenho muita pena de estarmos perante um tempo de eventual designação de substitutos. Ao Presidente suceder-se-ia o Presidente da Assembleia da República, mas estando demitido, segue-se o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça. E felizmente há uma hierarquia e uma organização que permite haver muitas Felgueiras, muitos Ricardos e vários tabloides a queimar pessoas. E claro que seria bom se todos se dessem ao respeito e a Sandra estivesse no desemprego. Mas nada se passa assim!
Os gémeos
“Gémeos na demagogia, na necessidade pública, na dependência de sondagens, os dois governantes, ambos, descaracterizam os cargos e desenobrecem o Estado, a estrutura em que se processa a organização das nações, a fórmula identitária hierárquica que permite a conduta pública. “