O último relatório do Instituto Regulador de Águas e Resíduos (IRAR), divulgado na semana passada, revela que a qualidade da água para consumo humano melhorou em relação ao ano anterior. No entanto, segundo o IRAR, a empresa multimunicipal Águas do Zêzere e Côa (AZC) foi uma das cinco entidades gestoras com o pior desempenho em termos de qualidade da água no ano transacto, o que também já se tinha verificado em 2004.
Segundo o documento, os principais incumprimentos verificaram-se nos parâmetros pH, ferro, arsénio e manganês. Nelson Geada, administrador da AZC, confirma a situação «nalguns casos», mas diz não ter ficado descontente com o resultado, isto porque «fizemos cerca de 6.000 análises e dessas apenas 2,61 por cento estavam em incumprimento». No entanto, Nelson Geada admite que a AZC tem que corrigir esses parâmetros e «tem tecnologia para o fazer», ressalvando que a empresa abastece as redes públicas, propriedade das autarquias. «Por vezes, desconhece-se o estado de conservação das mesmas», indica. Na sua opinião, «cerca de um quarto» dos incumprimentos apontados estão relacionados com o pH – a acidez da água –, pelo que esclarece que esse factor «depende dos pontos de captação». Relativamente à presença de arsénio e manganês, o administrador diz que os dados «não são graves» no que respeita à saúde pública, uma vez que o primeiro ocorre «por causa do granito», o que também é possível corrigir, «mas só nas Estações de Tratamento de Águas». Actualmente a AZC tem 57 origens de água, em contrapartida «não tem esse número de ETA’s», queixa-se Nelson Geada, apontando essa “falha” como a potencial causadora dos incumprimentos, já que apenas sete estão a funcionar.
Mas esta situação parece não preocupar o administrador: «Os investimentos que estão a ser feitos vão resolver estas questões», anuncia, dizendo que o mais avultado está a acontecer no Mondego Superior, nos concelhos de Oliveira do Hospital, Seia e Gouveia. Apesar de tudo, verificou-se uma «melhoria na qualidade da água» em relação ao ano anterior, pois a AZC baixou dos «4,06 por cento de incumprimento em 2004 para os 2,06 no ano passado», afirma. O responsável diz mesmo que esta é «uma evolução para acompanhar e, se possível, melhorar ainda mais que os outros». Nelson Geada mostra-se confiante e prevê que os resultados relativos a 2006 sejam «muito melhores», isto porque a maioria das pequenas captações, os chamados sistemas autónomos, estarão desactivados nessa altura. Questionado sobre as consequências destes resultados negativos para a empresa, o administrador admite que a AZC tem «um problema de imagem», mas que isso se deve à «falta de cultivo dessa imagem» através do marketing e da sensibilização dos públicos servidos. No entanto, discorda que se fale em má imagem por causa dos serviços prestados.
«Já houve evolução de 2004 para 2005, vai continuar a haver este ano e, no final de 2007, esperamos ter resultados perfeitamente normais e de referência», garante. Actualmente a AZC abastece 16 municípios: Aguiar da Beira, Almeida, Belmonte, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Fundão, Gouveia, Guarda, Pinhel, Penamacor, Manteigas, Mêda, Oliveira do Hospital, Sabugal e Seia.