A «gravosa realidade ambiental» da Serra da Estrela, sobretudo na área do Parque Natural, levou um grupo de cidadãos e algumas associações a criarem a Plataforma para o Desenvolvimento Sustentável da Serra da Estrela. De acordo com Tiago Pais, elemento daquela entidade, assiste-se actualmente a «pressões crescentes sobre o património natural, paisagístico e cultural de elevado valor na região».
A Plataforma surgiu num encontro realizado em Setembro, em que participaram vários cidadãos, a ASE (Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela), a Desnível (Associação de Desportos de Aventura), a LPN (Liga para a Protecção da Natureza) e a Quercus (Associação Nacional de Conservação da Natureza). Os promotores assumem que a sua missão é «proteger activamente a Serra da Estrela, combatendo projectos e actividades não compatíveis com a conservação dos
recursos naturais», refere o manifesto, divulgado na última terça-feira. Para Tiago Pais, o desenvolvimento sustentável desta área protegida só se fará «se se travar a desertificação das aldeias e fomentar a reintrodução de métodos tradicionais de manutenção de equilíbrios ecológicos, aproveitando os saberes ancestrais». A Plataforma tenciona ainda apoiar acções de recuperação da paisagem, «que se encontra, reconhecidamente, ameaçada pelos incêndios e pela extensa erosão dos solos». Mas também estimular o turismo de montanha, desde que enquadrado com o estatuto de área protegida.
«É tempo de combater o desenvolvimento negativo praticado na Serra nos últimos anos», sublinhou José Maria Saraiva. O dirigente da ASE acrescenta que a Plataforma quer confrontar as entidades competentes com o que está a acontecer na zona e sobretudo sensibilizar os cidadãos. «Para além de um dever, é um direito de todos lutar pela preservação de um património singular que nos foi legado e que, desejamos, possa vir a ser desfrutado na sua plenitude pelas gerações vindouras», espera.