P – A ACDR da Rapoula vai disponibilizar um Gabinete de Apoio à População. De que se trata?
R –É verdade, o associativismo está cada vez mais presente no dia-a-dia da população, e assim deveria ser em todas! No nosso caso, e em bom rigor, sentimos a responsabilidade de colmatar as lacunas existentes no interior do nosso país! A crise existente na ULS, como não haver Urgências durante cinco dias e cinco noites, e, mais grave ainda, não haver especialidades (consultas sem resposta), levou-nos a procurar uma forma de tentarmos ajudar a população a fazer no que concerne aos parâmetros médicos. Por outro lado, este espaço também serve e servirá para ajudar a população de toda a freguesia no tratamento de dados pessoais, criação de curriculum vitae, ajuda ao emprego e não só, estamos empenhados em ter as ferramentas e os equipamentos adequados para ajudar a população mais idosa e necessitada a tratar das burocracias do dia-a-dia, como a renovação do Cartão de Cidadão, da carta de condução, reformas, ADSE e tantas outras valias que sejam necessárias.
P – E como surge o projeto “Ativa(mente)” – Gabinete de Apoio Psicológico? Quais são os objetivos?
R – O novo projeto “Ativa(mente)” surge precisamente dentro desse conceito, isto é, é cada vez mais notório na nossa população uma grande percentagem de jovens com problemas do forro psicológico. Problemas esses oriundos tanto do stress como da ansiedade, cada vez mais visíveis na nossa sociedade. Falamos de uma patologia que tem tratamento e dessa forma estamos a ajudar quem mais precisa. Apoio ao desenvolvimento da criança é um dos objetivos do gabinete. Mas sentimos que há necessidade de alargar o espectro da intervenção, mais concretamente com foco na população mais adulta. O apoio aos cuidadores informais, o alívio do “burnout” associado ao stress e desgaste laboral, através do acompanhamento individual ou de sessões de esclarecimento em grupo, serão também um dos objetivos deste projeto.
P – Que balanço faz do projeto “Saúde na Aldeia”?
R – O balanço não poderia ser mais positivo! Desde o primeiro dia deste projeto que a afluência à nossa estimada enfermeira Sónia não para de crescer. Temos ao serviço das nossas gentes os melhores profissionais, como é o caso da enfermeira Sónia, à qual aproveito para agradecer a generosidade de fazer este trabalho em troca do gosto do que faz. O sucesso também se deve, infelizmente, por falta de soluções do poder local e nacional. Mais uma vez afirmo que existe a necessidade de olhar para as necessidades do povo! Nada me faz mais feliz que ver o nosso povo a agradecer a oportunidade que a Associação lhes proporciona. Este projeto contribuiu para que, em março do ano passado, fosse possível organizar na aldeia da Rapoula a primeira edição da Feira da Saúde, um evento que contemplou diversas especialidades médicas, entidades e empresas ligadas a este setor. Voltaremos a fazer a segunda edição a 23 e 24 de março de 2024.
P – É nestas três áreas que a comunidade da Rapoula precisa de apoio ou há mais carências?
R – As carências são muitas e estão sempre a surgir. Difícil é conseguir colmatá-las todas. Se cada um de nós conseguir olhar para o próximo e detetar uma carência ou necessidade e, por sua vez, reportar ou dar a mão para ajudar, seria mais fácil cuidar uns dos outros! O ser humano é feito de carência e afeto e se ninguém oferecer, também não se pede, passamos a viver na escuridão da mente e damos como adquirido a realidade infame. E aqui, sim, uma associação pode e deve intervir. A ACDR da Rapoula está atenta a essas necessidades, mas infelizmente nunca conseguirá chegar a todas. As associações são muito dependentes de apoios externos e a demora para solucionar projetos faz com que muitos caiam por terra. Enquanto isso não acontece, o povo tem mostrado solidariedade e empenho. E mais uma vez reforçamos que “Gratidão” é a palavra que melhor traduz o esforço das nossas gentes.
P – Que outros projetos tenciona concretizar a ACDR da Rapoula?
R – Vontade para concretizar outros projetos não falta a toda equipa da ACDR, mas para já gostaríamos de conseguir cumprir com afinco os projetos que temos em curso. Não adianta estar em muitas frentes, mas naquelas que nos comprometemos a trabalhar para os resultados serem os mais positivos possível. Passo a passo se faz o caminho! E passo a passo muitas milhas de felicidade temos para oferecer.
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RICARDO MAIO
Presidente da direção da Associação Cultural Desportiva e Recreativa da Rapoula (Guarda)
Idade: 45 anos
Naturalidade: Guarda, freguesia da Sé
Currículo (resumido): 12º ano
Livro preferido: Folheto do Lidl
Filme preferido: “Gladiador”, de Ridley Scott
Hobbies: Acompanhar os meus dois filhos, tratar da minha horta e cinema