Sociedade

Politécnico da Guarda cria mapas digitais para prevenir incêndios

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Escrito por Efigénia Marques

Os dados dos projetos de investigação levados a cabo por recém-licenciados do IPG despertaram o interesse de seguradoras na Conferência Proteger 2023. Os trabalhos apresentam soluções que podem ajudar na prevenção de incêndios florestais.

Dois estudantes do curso de Engenharia Topográfica do Instituto Politécnico da Guarda – IPG desenvolveram projetos de prevenção de incêndios florestais, tendo já despertado o interesse de companhias de seguros pelos seus dados. Uma licenciada desenvolveu mapas digitais que identificam as zonas mais vulneráveis a incêndios. Outro licenciado calculou a severidade dos incêndios e os tipos de ocupação de solo.
“Portugal está cada vez mais exposto ao risco de incêndios – recordamos bem duas grandes catástrofes no distrito da Guarda, em outubro de 2017 e em agosto de 2022 – pelo que o interesse económico nestes projetos é evidente”, afirma Elisabete Soares, professora do Politécnico da Guarda e orientadora dos projetos. “Estes estudos são muito úteis para quem gere florestas e as suas limpezas, assim como para as seguradoras, ajudando-as a avaliar o risco e os prejuízos associados às sinistralidades”, afirma a docente. “Há já uma seguradora com interesse nos dados dos projetos, mas acredito que estes também têm utilidade para outras entidades, como a Proteção Civil ou as câmaras municipais”.
“Mapas de Vulnerabilidade de Incêndios Florestais do distrito da Guarda”, da autoria de Rita Sieiro, foi um dos projetos apresentados. O estudo focou-se na construção de quatro mapas sazonais, um por cada trimestre do ano, que consideraram a análise de nove variáveis: ocupação de solo, declive do terreno, exposição das vertentes, distância aos cursos de água, distância às áreas artificializadas, densidade populacional, proximidade à rede viária, temperatura e precipitação média. Estas condições conduziram à obtenção de classificações da vulnerabilidade em todo o distrito da Guarda, podendo aplicar-se o mesmo tipo de análise a outras zonas do país.
Luís Branco é o autor do estudo “Mapeamento de Incêndios e Caracterização Geral do Território a partir de Deteção Remota”, o qual incidiu na análise das ocorrências de 2017 e 2022, no distrito da Guarda. Este projeto permitiu distinguir diferentes níveis de severidade de incêndios florestais e identificar os solos, através da análise da ocupação, que estão mais suscetíveis a reincidências, referenciando e quantificando as áreas afetadas.
Ambos os trabalhos – apresentados na Conferência Segurança Proteger 2023, em Santa Maria da Feira – resultaram da aplicação de técnicas avançadas como a classificação de imagens de satélite, sistemas de informação geográfica e a deteção remota (recolha de informação sobre um fenómeno pela análise de dados reunidos por um dispositivo que não está em contacto com esse mesmo fenómeno), as quais ajudaram a compreender as áreas ardidas e o estado da vegetação e do solo.
“O Politécnico da Guarda destaca-se pela aposta na investigação e na contratação de quadros altamente qualificados para potenciar nos seus projetos”, afirma Joaquim Brigas, presidente do IPG. “Todos os anos Portugal está sob alerta para o perigo de incêndios rurais, pelo que o papel do IPG, enquanto academia, é utilizar o conhecimento que produz para prevenir e, tanto quanto possível, diminuir este problema”.
Elisabete Soares acrescenta que o fator “histórico de incêndios” é “fundamental para contrariar a tendência de vulnerabilidade e de exposição ao risco de incêndios”. Segundo a docente do IPG, “só é possível prevenir os incêndios de forma efetiva se as causas da vulnerabilidade dos territórios vítimas das catástrofes forem identificadas, estudadas e corrigidas”.

O Robô Bombeiro

De um concurso de robótica a um protótipo, o “Robô Bombeiro” foi outro projeto apresentado pelo Politécnico da Guarda na Conferência de Segurança Proteger 2023. “Detetar e extinguir fogos são características deste robô totalmente autónomo”, afirma Carlos Carreto, professor do IPG e coordenador do concurso.
A iniciativa pretende promover a robótica e dar espaço aos alunos para aplicarem em projetos concretos os conhecimentos adquiridos nos cursos de engenharia. O concurso testa a capacidade de pequenos robôs para detetar e apagar um incêndio, simulado por uma vela, num ambiente doméstico.
“O protótipo tem vindo a ser melhorado ao longo destas edições, mas a robótica ainda não responde totalmente bem a cenários mais realistas de pouca previsibilidade”, afirma Carlos Carreto. “Ainda assim, temos no horizonte desenvolver uma tecnologia que possa ser útil no combate aos incêndios e tenha capacidade para ser usada com fiabilidade no terreno”.

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Efigénia Marques

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