Devido a esta capacidade de sobreviverem em condições extremas, estes seres vivos foram designados por extremófilos. Este termo foi usado pela primeira vez por MacElroy em 1974, para designar organismos que proliferam em ambientes extremos. De facto é possível encontrar vida a temperaturas próximas do ponto de ebulição da água (à pressão normal) ou mesmo a temperaturas superiores a 100ºC, sob pressões mais elevadas.
É também admirável que possa existir vida a pH 0 ou a pH 11, valores impensáveis para os seres vivos que conhecemos, ou que haja organismos que toleram níveis de radiação gama dezenas de milhares de vezes superiores aos que são letais para a maioria dos seres.
Mas qual a mais valia de conhecermos estes seres vivos? Qual a vantagem de termos acesso a toda esta nova informação? Esta informação contribuiu para que o conhecimento cientifico sofresse um avanço importante porque o conceito tradicional de ambiente habitável foi derrubado, passando a nova reformulação a incluir certos condições que até então eram consideradas impensáveis para serem habitadas. O conhecimento destes novos nichos habitacionais conduziu a um reenquadramento das pesquisas de vida fora do planeta Terra, uma vez que levou a equacionar-se a possibilidade de existirem microorganismos a habitar outros planetas, tais como Marte ou, satélites naturais, como Europa, em regiões até há pouco considerados inóspitos.
As condições extremamentes agrestes que caracterizam os ambientes donde são isolados os extremófilos desencadearam uma curiosidade enorme no conhecimento da fisiologia destes organismos.
Este conhecimento fisiológico exponenciou potencial biotecnológico existente nos extremófilos ao ponto de se tornar uma alavanca preciosa para o estudo destes seres vivos. O “material biológico” mais interessante provenientes dos organismos sãos as “extroenzimas”.
Estas enzimas provam cada vez mais a sua capacidade para alargar o espectro de condições, principalmente extremas, em que é possível a utilização de biocatalizadores em processos industriais, principalmente ao nível das indústrias farmacêuticas, alimentar, têxteis, petrolífera e mineira, tornando todos estes processos biotecnológicos bastante mais eficientes.
Por: António Costa