Desde a passada quinta-feira que o vermelho é sinónimo de prioridade máxima nas Urgências do Hospital Sousa Martins e a garantia de que o doente é atendido até 10 minutos após o seu registo. O serviço passou a ser gerido com base em cinco cores, a que correspondem outras tantas situações clínicas, da emergência à menos grave. A triagem de prioridades, após avaliação prévia, possível graças ao Sistema de Manchester, entrou em vigor sem grandes problemas na principal urgência hospitalar do distrito.
«Ainda não houve qualquer queixa ou reclamação, nem tão pouco perguntas sobre a mudança no atendimento, o que pode significar que as pessoas já tinham alguma informação sobre esta hierarquização», destaca Adelaide Campos, directora do serviço. Até ao meio da tarde do primeiro dia tinham sido atendidos 56 doentes, a um dos quais foi atribuída a cor vermelha pelo enfermeiro responsável pela triagem preliminar. A maioria dos casos foi sinalizada com verde (pouco urgente) e azul (não urgente), tendo ainda sido registadas seis situações laranja (muito urgentes) e 12 amarelas (urgentes). «É o normal para esta altura do ano», adianta a cirurgiã. «O nosso primeiro caso mais complicado foi um enfarte do miocárdio, logo às 10 da manhã, mas, passados 15 minutos, o doente já estava internado na Cardiologia. Isto é um tempo muito bom de resposta», garante Adelaide Campos. A médica realça que o Sistema de Manchester permite uma gestão «mais fácil e eficaz» da Urgência, porque «temos a noção exacta do que é importante tratar em primeiro lugar e não pela hora de chegada». Por outro lado, espera que o método possa contribuir para dissuadir as falsas urgências, pois os casos emergentes (vermelho), muito urgentes (laranja) e urgentes (amarelo) terão sempre prioridade.
«Os restantes vão ter que aguardar calmamente», avisa a directora do serviço, lembrando que o tempo desejável de espera de atendimento dos utentes com cores verde e azul pode ir até quatro horas. De acordo com a estatística do Sousa Martins, as Urgências têm recebido/tratado 160 doentes por dia, cerca de 60 por cento dos quais são emergentes ou urgentes. Para uma melhor divulgação destas novas regras de atendimento foram distribuídos folhetos informativos nos centros de saúde, farmácias, Juntas de Freguesia e postos médicos espalhados pelo distrito. Mas a implementação da Triagem de Manchester obrigou ainda ao reforço da equipa de enfermagem das Urgências com mais seis profissionais. Doravante, são os 38 enfermeiros que vão definir a prioridade dos casos e direccionar os pacientes para uma primeira auscultação médica. Posteriormente, o doente é encaminhado para o especialista de serviço que corresponde à sua situação clínica. A triagem é feita num único gabinete, mas um segundo pode entrar em acção «sempre que haja mais de 10 doentes à espera, o que ainda não aconteceu», sublinha Adelaide Campos.
Também o espaço físico do serviço está a mudar gradualmente, contando já com duas novas salas. Por outro lado, a Urgência já está a funcionar sem papéis graças ao sistema informático “Alert”, que, com um simples tocar de dedo, permite a médicos e funcionários acompanhar no computador a passagem do doente por todo o serviço, da admissão à alta ao pedido de exames complementares de diagnóstico. A informatização do serviço custou cerca de 860 mil euros, um valor comparticipado em 65 por cento pelo programa Saúde XXI.
Luis Martins