Foram muitas as acusações mútuas entre a anterior presidente da Câmara da Guarda, Maria do Carmo Borges, e a vereadora Ana Manso em relação à falta de segurança junto à Escola Básica dos 2º e 3º ciclos de São Miguel, na Guarda. Tantas que as diversas pressões políticas confluíram para o patrocínio por parte da Estradas de Portugal (EP) daquela que é, na opinião de vários técnicos consultados por “O Interior”, a passagem superior a uma via rápida mais cara já construída em Portugal: perto de 1,5 milhões de euros de custo total.
A passagem superior que vai permitir a ligação pedonal entre a zona da Estação e a EB 2 e de São Miguel deverá ficar concluída em Setembro, a tempo do início do próximo ano lectivo. Os trabalhos estão a decorrer a bom ritmo e já é possível observar a imponência da estrutura projectada pelo guardense Tiago Mendonça. António Martins, director de Estradas da Guarda, garante que vão ser feitos «os possíveis» para a empreitada estar pronta no início das aulas. «Vai ser uma obra emblemática para a cidade. Vai ficar muito bonita», assegura. O engenheiro adianta que a Estradas de Portugal (EP) será obrigada a efectuar uma intervenção no pátio da escola, sendo que «em princípio» a vedação do estabelecimento vai recuar «aproximadamente um metro», não obrigando, contudo, ao corte de qualquer árvore. De acordo com o gabinete de comunicação da EP, responsável pela empreitada orçada em mais de um milhão de euros, foi escolhido um «projecto inovador, caracterizado por um arrojo estético».
A obra, consignada no início de Janeiro, tem um prazo de execução de 210 dias. A passagem superior terá 122,22 metros de comprimento, excluindo o acesso Nordeste, constituído por um vão central de 90 metros, dois vãos laterais com 8,125 metros no lado da escola e dois vãos laterais com 8,125 metros e 8,850 metros na ligação Nordeste. Em relação ao acesso Nordeste, a solução idealizada passa pela construção de uma estrutura formada por um conjunto de rampas e escadas, enquanto o acesso Sudoeste, do lado da escola, passa apenas pela ligação do tabuleiro da obra de arte ao muro existente. A localização da ponte vai contribuir para «se assumir como um marco visual no acesso à cidade», tendo havido «a preocupação de que a estrutura se integrasse correctamente no contexto envolvente». Para o efeito, «a relação entre a altura e o vão dos arcos, assim como a inclinação transversal dos mesmos, foi tida em consideração», sublinha a mesma fonte.
A construção da passagem superior, que vai garantir maior segurança a quem habitualmente faz a pé o percurso entre a zona da Guarda-Gare e a EB 2, 3 de São Miguel, é uma ambição há muito reivindicada. Questionada sobre o facto da ponte só agora começar a ser construída, a EP salienta que o projecto surge na sequência da construção da VICEG – Via de Cintura Externa da Guarda «para promover a segurança rodoviária no local», já lá vão mais de quatro anos. Desde então, foram tomadas as «medidas necessárias» para a sua realização, caso da elaboração e aprovação do projecto, lançamento do concurso para a sua consequente adjudicação e arranque dos trabalhos, explicou o gabinete de comunicação. Os estudantes vão ser os principais beneficiários desta obra, daí que o presidente do Conselho Directivo da escola de S. Miguel já tenha manifestado a sua satisfação com a solução encontrada.
Ricardo Cordeiro