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Freguesias do Mondego reclamam reabertura do IP5

Empresários e habitantes dizem-se literalmente «encurralados» com fecho do troço Porto da Carne/Alvendre

Autarcas, empresários e populações de oito freguesias do Baixo Mondego, no concelho da Guarda, dizem-se «encurralados» após o fecho ao tráfego, a 27 de Maio, do troço do antigo IP5 entre o Porto da Carne e o Alvendre. Os lesados saíram à rua, na passada terça-feira, para manifestar o seu desagrado com a situação e reclamar a reabertura daquela via, encerrada devido à abertura ao trânsito do lanço de auto-estrada entre a Ratoeira e a Guarda, e uma ligação à A25 nas proximidades da capital do distrito.

Numa conferência de imprensa promovida no nó do Sobral da Serra do IP5, os autarcas das localidades de Aldeia Viçosa, Cavadoude, Faia, Misarela, Pêro Soares, Porto da Carne, Sobral da Serra/Amoreiras e Vila Cortês do Mondego garantem que as suas populações, as empresas de transportes internacionais ali sediadas e a fábrica Dura, que produz componentes para automóveis, estão a sofrer «graves prejuízos» desde que foram impedidas de viajar naquele troço. «A solução que a Estradas de Portugal (EP) e o Ministério das Obras Públicas pretendem para o IP5 no Alvendre, ligando-o à estrada municipal, não nos agrada pelos inconvenientes que solução acarreta», alegam. Um desagrado que também encontrou eco no presidente da Câmara da Guarda, para quem o caso não é mais que um «erro de projecto». Joaquim Valente considera que o IP5 devia entroncar na A25 nas proximidades da Guarda, mas admite que o problema está no acesso do Vale do Mondego à auto-estrada. «A autarquia alertou as entidades competentes para este impasse, cabia à EP resolvê-lo deixando o IP5 servir aquela zona», defendeu, lembrando que ali funcionam actividades económicas que «dependem» do Itinerário Principal nº5. Uma via que oferece actualmente «boas condições de segurança e circulação» para os utilizadores, para além de ter resultado de um investimento avultado por parte do Estado que «deve ser rentabilizado», defende o autarca.

Joaquim Valente anunciou entretanto que vai reunir, no dia 28, com o secretário de Estado Adjunto e das Obras Públicas para desbloquear a situação com o argumento de que «as obras não devem prejudicar os cidadãos». Até lá, populares e empresários do Vale do Mondego prometem ficar-se por esta manifestação de desagrado, mas avisam desde já que tomarão «medidas drásticas» se aquela reunião for inconclusiva quanto às suas pretensões. «A reabertura do IP5 naquele troço é indispensável para a sobrevivência das quatro empresas de transportes instaladas na freguesia e da própria Dura, mas também para o dia-a-dia dos nossos habitantes, sobretudo das mães que têm que deixar os filhos meia-hora mais cedo, uma mudança de horário que ainda não foi resolvida pelos jardins-de-infância», refere José Batista, presidente da Junta do Porto da Carne. É que com o fecho do IP5, o trânsito oriundo daquela zona com destino à Guarda tem obrigatoriamente que fazer-se pela EN16, pela estrada municipal 577 ou pela A25. Só que qualquer destas alternativas implica mais de 20 quilómetros, enquanto que com o IP5 a ligação far-se-ia em nove quilómetros.

Uma diferença que o empresário António Garcia já sentiu no seu orçamento. «Com esta situação voltámos 30 anos atrás, pois alguns dos nossos funcionários que andavam 30 quilómetros para chegar à empresa têm agora que percorrer 60», adiantou. Perante este cenário, o dono de uma empresa de camiões ameaça ir para Espanha se o caso não for resolvido. «Não investimos dois milhões de euros na empresa para agora nos “encurralarem” literalmente no Porto da Carne», acusa.

Luis Martins

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